Professores da USP aderem à greve; alunos bloqueiam ruas

Sindicato decide apoiar paralisação de funcionários; estudantes criticam curso a distância

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Por Redação
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Em assembleia realizada no fim da tarde de ontem, o sindicato dos professores da Universidade de São Paulo (Adusp) decidiu a partir de hoje aderir à greve iniciada pelos funcionários há um mês. Cerca de 80 docentes votaram a favor da paralisação, 9 foram contra e houve 9 abstenções. Além da pauta de reivindicação salarial, eles protestam contra a presença da Polícia Militar no câmpus, chamada para cumprir uma ação judicial de reintegração de posse da reitoria, que teve as entradas bloqueadas por funcionários. Veja mais notícias da educação Os sindicatos esperam conseguir maior adesão à greve - no total, há 15 mil funcionários e 5 mil professores da USP. Até agora, a maior parte das atividades no câmpus aconteceu normalmente, com a paralisação restrita a algumas atividades. A reitoria estima que 10% dos funcionários aderiram à greve - segundo o sindicato, são mais de 70%. À noite, um grupo de estudantes ligados ao DCE aprovou em assembleia greve a partir de hoje. Anteontem, a reitora Suely Vilela se reuniu com representantes de alunos, professores e funcionários, mas não chegaram a um acordo. Ela restringiu o retorno à negociação ao fim dos bloqueios nas entradas de prédios, como os museus, o Centro de Práticas Esportivas e a creche. Os manifestantes pediam a retirada da polícia. Hoje, professores terão uma nova reunião com a reitora. Pouco antes da assembleia de professores, cerca de 400 estudantes bloquearam o portão 1 da Cidade Universitária, num protesto contra o curso de graduação a distância para formação de professores da rede pública. Eles fecharam o cruzamento das Ruas Alvarenga, uma das principais vias do Butantã, e Afrânio Peixoto. Carros e ônibus ficaram parados. Motoristas discutiram com alunos, enquanto outros apelaram para um buzinaço. Treze homens da Tropa de Choque da PM foram ao local e liberaram duas faixas da Alvarenga. Não houve confronto porque os policiais se limitaram a liberar o tráfego e os alunos recuaram. Durante a manifestação, o grupo de alunos gritaram slogans contra a reitora, como "Suely, a culpa é sua, hoje a aula é na rua" e "Suely, polícia não. A Univesp não é educação". Algumas horas antes, alunos colocaram uma faixa de 18 metros na Torre do Relógio, com os dizeres "Fora PM". O impasse na USP agravou-se no dia 25, quando estudantes ocuparam a reitoria e outros prédios. A reitora recorreu à Justiça e pediu reintegração de posse das instalações. No momento, a universidade passa por uma mistura de reivindicações. Há ao mesmo tempo a campanha salarial de funcionários e professores, pedindo 16% de reajuste, a reivindicação do sindicato de funcionários contra a demissão de um integrante e o protesto de alunos contra um curso a distância criado para professores. Além disso, outras demandas entram no discurso, como aumento de auxílio moradia e mais democracia. SIMONE IWASSO, ELIDA OLIVEIRA e ALEXANDRE GONÇALVES ENTENDA A PARALISAÇÃO Números: A USP tem cerca de 5 mil professores, 15 mil funcionários e 86 mil alunos distribuídos em 234 cursos de graduação em 80 unidades Adesão: Até ontem, as aulas estavam sendo dadas normalmente e apenas parte dos funcionários estava em greve - cerca de 10% segundo a reitoria e de mais de 70% segundo o sindicato. A partir de hoje, pode ocorrer maior adesão com a entrada de professores Funcionamento: Tradicionalmente, algumas unidades contam com maior apoio a paralisações. A FFLCH é a principal delas. Outras unidades, como Escola Politécnica e FEA, Química e Arquitetura, Medicina e Direito costumam continuar com suas atividades Reivindicações: Maio é o mês no qual os sindicatos da USP, Unesp e Unicamp negociam reajustes salariais. Neste ano, eles pedem 16% de aumento. Outros itens entraram na pauta, como readmissão de funcionário demitido e fim do curso a distância recém-criado

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