Polícia indicia médico sob acusação de crime sexual

Especialista em fertilização é acusado por pacientes de abuso; ele nega

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Foto do author Marcelo Godoy
Por Fabiane Leite , e Marcelo Godoy
Atualização:

A Polícia Civil de São Paulo indiciou ontem o especialista em reprodução assistida Roger Abdelmassih sob acusação de estupro e atentado violento ao pudor contra pacientes, segundo informação do Ministério Público. Dezenas de mulheres que passavam por tratamento contra infertilidade na clínica dele o acusam de ter cometido atos libidinosos, como beijar à força e passar as mãos no corpo das pacientes durante atendimentos. Pelo menos um caso de acusação de estupro foi investigado pela polícia. O médico, que esteve ontem na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher, no centro de São Paulo, para prestar depoimento, manteve-se calado, mas, segundo enfatizam seus advogados, ele nega todas as acusações. Com o indiciamento, a polícia aponta Abdelmassih como responsável pelos crimes. Agora, o inquérito policial, que correu sob sigilo para proteger as vítimas, será enviado à Justiça e depois ao Ministério Público. Caso o médico seja denunciado e condenado, as penas para os crimes contra cada uma das mulheres serão somadas. As penas para atentado violento ao pudor e estupro variam de 6 a 10 anos de prisão. "O indiciamento não nos surpreende, era uma providência absolutamente esperada diante de tantas provas", afirmou o promotor Luiz Henrique Dal Poz, que acompanhou o depoimento do médico. A Promotoria chegou a receber cerca de 70 relatos de mulheres que se disseram vítimas de Abdelmassih. No entanto, ainda não foi informada pela polícia sobre quantas realmente relataram os fatos no inquérito. Abdelmassih chegou à delegacia por volta das 8h30, antes da abertura do atendimento ao público, e entrou calado no prédio da Rua Bittencourt Rodrigues. Depois de alojado em uma sala que teve a persiana fechada, permaneceu calado por orientação de seus advogados. Segundo um de seus defensores, Adriano Salles Vanni, o silêncio ocorreu porque a defesa não teve acesso a parte dos depoimentos de vítimas, principalmente as ouvidas em outros Estados. Os advogados ingressarão com reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF). Em despacho proferido em março, o órgão havia decidido que o especialista em fertilização assistida só deveria ser ouvido pela polícia após conhecer a identidade das mulheres. Segundo Dal Poz, a defesa terá livre acesso a todos os depoimentos. PELOS FUNDOS Abdelmassih deixou a delegacia sem dar entrevista, pelos fundos, por meio das instalações do Centro de Referência da Mulher. Segundo seus advogados, ele preferiu sair dessa maneira porque havia imprensa no local. "O combinado era não ter imprensa", afirmou Vanni. A Promotoria também informou o arquivamento, pelo procurador-geral de Justiça, Fernando Grella, de acusação de extorsão feita por Abdelmassih contra uma ex-funcionária. A mulher confessou ter pedido dinheiro em troca de silêncio sobre supostos abusos contra ela, mas depois se arrependeu. Com a medida, o caso está encerrado, destaca Dal Poz.

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