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Para professor, ação da polícia foi necessária

Por Simone Iwasso e Alexandre Gonçalves
Atualização:

A entrada da Polícia Militar no câmpus da Universidade de São Paulo (USP) foi entendida como um retorno à repressão característica da ditadura militar por grupos de professores, alunos e funcionários que realizaram protestos ontem. No entanto, na avaliação do sociólogo José de Souza Martins, professor titular aposentado da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), a presença da polícia ocorre em cumprimento a uma determinação judicial e para liberar o acesso a prédios bloqueados à força por funcionários, não se tratando de uma ocupação. "Nem todo mundo está em greve e há pessoas que precisam ter acesso e podem ser muito prejudicadas com esse bloqueio, por isso o recurso à Justiça", diz ele. "Alunos com teses para entregar, por exemplo, podem perder sua pós-graduação. Além disso, os salários foram pagos hoje e para isso era preciso ter gente com acesso." Na análise do professor, a universidade é o lugar por excelência do diálogo e todas as negociações devem ser pautadas por argumentos. "Há outras formas de protesto num Estado democrático de direito. Não é democrático usar a força e impedir o acesso das pessoas que discordam de você", afirma Martins. "Na universidade, você senta e conversa. Negocia. Mas nos últimos anos temos assistido a formas de protesto diferentes e violentas", completa. Para o professor Hamilton Luiz Correa, vice-presidente da comissão de graduação da Faculdade de Economia e Administração, o sindicato perdeu representatividade. "A maior parte dos docentes não concorda e ignora as decisões do sindicato", afirma. "Há consenso de que professores ganham pouco, mas o caminho para aumentar o salário não é a greve. Precisaríamos racionalizar o gasto dos recursos dentro da própria USP, sem a necessidade de demissões."

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