PUBLICIDADE

Pão tem muito mais gordura do que anuncia

Teste do Idec mostra diferença de até 50% entre o que diz o rótulo e o que o produto contém

Por Simone Iwasso
Atualização:

Análise feita pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com seis tipos de pão de forma vendidos em supermercados de São Paulo mostrou que todos têm maior quantidade de gordura do que anunciam nos rótulos de suas embalagens - um deles atingiu quase 50% a mais da substância. Também há diferenças, em menores proporções, nas quantidades de carboidratos, calorias e fibras anunciadas e encontradas na análise. Pela legislação, essa diferença pode ser de até 20%, para mais ou para menos. Saiba mais sobre os pães "A maioria tem mais gordura do que diz no rótulo da embalagem, o que fere um direito do consumidor de saber o que está comprando", afirma Lorena Contreras, coordenadora de pesquisas e testes do Idec. "A legislação já é permissiva demais nesse aspecto, ao permitir uma variação de 20% para mais ou para menos. O Idec defende que essa margem fique em torno de 10%." Foram testados, em laboratórios credenciados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com metodologia científica, pães da linha integral e linho da Charlotte, preto e centeio da Nutrella, pão preto da Wickbold e pães preto e integral da linha Plus Vita, da Pullman. O resultado mostrou que o excesso de gordura varia de 13,79% (Pullman Plus Vita preto) a 49,46% a mais (Wickbold preto). Os demais porcentuais estão na tabela ao lado. Em proporções menores - dentro da margem dos 20% - foram encontradas diferenças entre os dados informados e a quantidade de fato existente também no que se refere ao total de carboidratos (cuja maior variação foi de 11,07% negativos no Charlotte integral e linho), de fibras e de proteínas - mas em menor grau do que a variação encontrada nas gorduras. OUTROS TESTES Os produtos também foram testados quanto à presença de microrganismos ou sujeiras que pudessem ser nocivos à saúde - quesito em que nenhum deles apresentou problemas. Foram avaliadas ainda as condições de armazenamento, conservação e data de validade, itens que também estavam de acordo com a legislação. A Nutrella informou que "trabalha dentro das normas estabelecidas pela Anvisa, que prevê a elaboração da tabela de informações nutricionais através de cálculos nutricionais e análises realizadas por laboratórios credenciados". A empresa disse "que reavaliará os cálculos nutricionais e análises e, se compatível com o resultado, tomará de imediato as pertinentes medidas corretivas". A Wickbold afirmou que "tem como norma interna de qualidade analisar periodicamente todos os produtos. A análise bromatológica, com que se verifica o teor de gordura do produto, segue um método que pode diferir entre laboratórios. A diferença se deve à metodologia, pois o baixo teor de gordura no produto leva a essa distorção. A tabela nutricional na embalagem é feita conforme análise do laboratório. Portanto, não se pode afirmar que estamos com a embalagem em desacordo". Para a Pullman, "todas as informações dos rótulos dos produtos estão em plena consonância com os valores nutricionais preconizados pela Anvisa e de acordo com análise técnica desenvolvida por laboratório credenciado pelo Ministério da Saúde". A Charlotte foi procurada diversas vezes pela reportagem, mas até as 20 horas de ontem não se pronunciou sobre o teste.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.