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Paciente relata melhora da qualidade de vida

Chagásica, microempresária teve parada cardíaca em 2005 e hoje é atendida pelo projeto

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Anoelina Nascimento Melo tem 73 anos, três filhos e cinco netos. Há poucos dias dividia a sala de espera do Laboratório de Terapia Celular do IMC com o motorista Adauto de Souza, de 43. Ambos tinham pressa. Anoelina queria cuidar de uma festa na paróquia que frequenta em Rio Preto. Adauto estava interessado em voltar para sua cidade, Novo Horizonte, a tempo de assistir a um treino do time local. A rigor, nenhum dos dois tinham previsão de estar vivo. Em 2005, Anoelina, microempresária, dava entrada no hospital da Beneficência Portuguesa de Rio Preto com inchaço nas pernas e braços, falta de ar e enorme dificuldade para caminhar. Seu coração parou. Ela foi reanimada e entrou no programa de células-tronco do Ministério da Saúde. Diagnosticada como chagásica, demorou um ano para atingir o estágio adequado ao transplante. Na manhã em que ela estava na sala de cirurgia, Adauto, o motorista, era dado como caso perdido. Já havia passado pelo procedimento e ficara dois meses internado no Hospital de Base por causa da debilidade geral. Finalmente, acumulando insuficiência renal com baixa resposta ao tratamento, esgotou o estoque de possibilidades. Foi então que as coisas começaram a dar certo: no 154º dia de hospitalização os rins voltaram a funcionar e a temperatura ficou estável. Logo depois teve alta. Em casa, a surpresa: o filho mais velho, então com 17 anos, já estava providenciando um funeral. O paramédico Mário Roberto Lago é o profissional do IMC que mantém contato mais próximo com os pacientes. Ele prepara as células mononucleares para a infusão. E também a dose de GCSF, "um fertilizante capaz de multiplicar por dez a população celular" que cada doente recebe 25 dias após passar pelo procedimento, "à razão de 1 ml por dia, durante cinco dias". Lago considera "notável o primeiro retorno, três meses mais tarde, para controle: a disposição é grande, eles sorriem, a aparência melhorou". O médico José Balthazar Jacob diz que isso tem a ver com a qualidade de vida, "de quem tinha uma taxa de expulsão sanguínea de 20% e vê essa proporção subir para 29% - ainda é pouco, mas é um ganho de 50%". O IMC trabalha com células-tronco para recuperação de pacientes portadores de isquemia crítica das pernas, em método semelhante. "Oito pacientes foram atendidos, com 75% de resultados positivos", expõe o chefe da área, José Dalmo Araujo. Para completar o lote de dez autorizado pelo Ministério da Saúde, ele precisa tratar de outros dois.

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