O vírus da gripe A é dominante no mundo

OMS alertou países pobres para consequências ?devastadoras?

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Por Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

O H1N1 tornou-se o principal vírus da gripe hoje no mundo e, apesar de ter impacto moderado nos países ricos, poderia ter consequências "devastadoras" nas nações mais pobres diante dos altos custos do tratamento. A pobreza desponta como um dos maiores fatores de risco para populações afetadas. Leia mais sobre a gripe suína O alerta foi feito ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que confirmou que uma "segunda onda da pandemia" ocorrerá nos próximos meses, principalmente no Hemisfério Norte e em países tropicais onde a doença chegou mais tarde. "As contaminações vão continuar. O que vimos na Argentina, Chile e Brasil é um sinal do que vem pela frente", alertou o porta-voz da OMS, Gregory Hartl. A agência de saúde da ONU confirmou as informações antecipadas pelo Estado nesta semana de que o número de casos nos países do Cone Sul já atingiu seu pico e começa a perder força com o fim do inverno, salvo na Bolívia e na África do Sul. Mas a OMS insiste que os países do Hemisfério Sul precisam manter a vigilância e que as nações com climas tropicais devem se preparar para um aumento de casos. Os novos números da OMS apontam que 2.185 pessoas morreram por conta da gripe, com 209 mil casos oficiais. A região das Américas concentra a maioria: 1.876 mortes e mais da metade das contaminações oficiais. O Brasil é ainda o País com o maior número de mortes. A OMS publicou uma avaliação completa sobre o impacto do vírus e alertou para os custos do tratamento dos casos mais graves. Os dados mostram que a maioria dos casos permanece leve e que o número de vítimas fatais e graves continua pequeno. Mas indicou que, por enquanto, esses dados são principalmente de países ricos e renda média. "A situação terá de ser avaliada com cuidado. O mesmo vírus que causa um situação administrável em nações ricas pode ter um impacto devastador em muitas partes do mundo." O que OMS alerta como fator mais significativo é que o vírus tem sido identificado em pessoas saudáveis e gerando impactos severos. O órgão mais atingido são os pulmões, o que indica a necessidade de UTIs altamente especializadas, com estadias longas e caras. Os estudos também apontam para um maior risco de hospitalização e mortes em certos grupos, como minorias e indígenas. "O risco desses grupos é quatro a cinco vezes superior ao da população geral", disse. A razão poderia ser os padrões mais baixos de vida e a pobreza na questão da saúde. Asma, diabete e hipertensão também seriam motivos possíveis. A ONU confirma que o vírus não sofreu mutações e, por isso, a letalidade continua a mesma. Também aponta alívio ao registrar que os pacientes com Aids não estão sofrendo impacto mais grave. A pandemia é a primeira desde o surgimento da Aids e temia-se que ela pudesse acelerar os problemas para pessoas com HIV.

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