Nova regra ortográfica chega ao dicionário

?Houaiss?, com 2 mil páginas, custa R$ 250; ?Aurélio? sai em agosto

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Por Ubiratan Brasil
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O acordo que unifica a ortografia em todos os países de língua portuguesa ainda provoca polêmicas, mas as editoras que lançam dicionários iniciaram uma corrida pela disputa do mercado. E a Objetiva saiu na frente: hoje será lançado o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2.048 págs., R$ 250), com mais de 442 mil entradas, locuções e acepções, todas adaptadas ao novo Acordo Ortográfico. "Foi um trabalho rápido e sigiloso, pois pretendíamos ser os primeiros a chegar", conta Roberto Feith, editor da Objetiva, que investiu R$ 4 milhões no projeto. De fato, seu principal rival, o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, da editora Positivo, chega às livrarias em versão atualizada em agosto. O volume da Objetiva, que virá acompanhado de um CD-ROM com o texto integral, traz informações de gramática, usos, etimologias, sinônimos, antônimos, homônimos, parônimos, datação e coletivos. Também oferece um quadro prático do uso do hífen de acordo com as novas regras. "Foi um trabalho realizado ao mesmo tempo em que acontecia a definição das mudanças feita pela Academia Brasileira de Letras", conta Mauro Villar, lexicógrafo-chefe do Instituto Antonio Houaiss, entidade responsável pela pesquisa. "De uma certa forma, ajudamos a Academia oferecendo opções." Não foi, no entanto, um trabalho tranquilo: uma versão atualizada do antigo dicionário estava praticamente pronta quando, em 2007, o governo brasileiro anunciou sua intenção de viabilizar a mudança ortográfica. "Estávamos no processo final de revisão de uma nova edição do Grande Dicionário Houaiss, depois de dois anos e meio de trabalho e um investimento de mais de R$ 1 milhão, quando veio o anúncio", lembra Feith. "Foi preciso montar uma nova equipe, desta vez para adaptar integralmente a obra às regras da reforma." O processo consumiu um ano e dois meses. Ao mesmo tempo em que era feita a adaptação à nova ortografia, a editora Objetiva buscava alternativas econômicas para baratear o novo produto - afinal, apesar de conter 93% mais caracteres que o do Aurélio, o antigo Grande Dicionário Houaiss custa R$ 450 em média, contra R$ 260 do concorrente. Para isso, o novo dicionário usa papel-bíblia importado, de alta performance e leve no peso. "Também retiramos, sem perda de dados fundamentais, grande parte dos dialetismos portugueses e palavras dos crioulos orientais e africanos", diz Mauro Villar. "Cortamos também muitos arcaísmos e quase todos os quadros extratextuais." A versão eletrônica do Dicionário Houaiss começa a ser vendida no dia 7 de julho e deverá custar R$ 79,90. Também o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa virá acompanhado de um CD-ROM com mais de 435 mil verbetes, locuções e definições. O preço, no entanto, ainda não foi definido. A Positivo prepara também um site exclusivo para as publicações da família Aurélio, no qual será possível encontrar dicas sobre o acordo. ALGUMAS MUDANÇAS Hífen: Deixa de ser empregado na maioria das locuções, salvo nas exceções consagradas pelo uso: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará e à queima-roupa Acento agudo: Deixa de existir em ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas. Exemplos: ideia, paranoia Acento circunflexo: Não é mais usado nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler e ver. Exemplos: creem, leem, deem Trema: Deixou de existir, a não ser em nomes próprios. Ex: linguiça, frequente, Bündchen

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