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Museu Nacional abre mostra de dinossauros

Exposição traz réplicas e fósseis encontrados no Ceará

Por Fabiana Cimieri e RIO DE JANEIRO
Atualização:

O Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) inaugura hoje a exposição permanente Dinossauros no Sertão, com réplicas e fósseis originais encontrados na região do Araripe, no Ceará. O destaque é a maior reconstrução de um dinossauro carnívoro já montado no País: o Angaturama limai. A réplica tem cerca de seis metros de comprimento e foi montada com base na pélvis e em fragmentos ósseos das mãos, fêmur e vértebras. O dinossauro viveu há cerca de 110 milhões de anos, no período Cretáceo Superior, pesava cerca de meia tonelada e se alimentava principalmente de peixes e animais marinhos. "Descrevi o Angaturama pela primeira vez na década de 80, com base em um crânio, mas não havia fragmentos suficientes para montar uma réplica", explicou o paleontólogo Alexander Kellner, curador da exposição. Ele orienta a dissertação da mestranda da UFRJ Elaine Machado, que descreverá os fósseis que estão expostos. VIAGEM AO PASSADO Segundo Kellner, a ideia da exposição é mostrar dois ecossistemas que existiram em períodos diferentes, numa mesma região. A Chapada do Araripe é um planalto de 160 quilômetros de extensão entre Ceará, Pernambuco e Piauí. Um dos ecossistemas reconstituídos é o de um grande lago de água doce, que teria existido há 115 milhões de anos. Dessa época, estão expostos fósseis de insetos, escorpiões, plantas, pererecas e a réplica do pterossauro Tupandactylus imperator. O outro cenário, onde está montado o Angaturama, retrata o período de 110 milhões de anos, quando havia uma lagoa de água salgada na região. "Quisemos retratar as mudanças que ocorrem na Terra. Nessa época a América do Sul estava se afastando da África e o mar invadiu o continente", explica Kellner. Nos dias de hoje o Araripe, que é um dos maiores sítios fossilíferos do País, é uma região de sertão. A reconstrução do Angaturama limai representa grande avanço no estudo desse grupo de dinossauros, chamados Espinossaurídeos, que viveram há 110 milhões de anos, durante o Cretáceo, e que se caracterizam pelo focinho comprido, uma vela nas costas e uma dentição semelhante a dos crocodilos atuais. A réplica, em tamanho real, foi feita com base em restos fósseis do crânio, perna, coluna cervical, mãos e, principalmente, da pélvis, que impressiona pelo ótimo estado de conservação. Todo esse material também faz parte da mostra. O Museu Nacional é pioneiro no País na reconstituição de dinossauros. Foi lá que, em 1999, paleontólogos apresentaram a primeira réplica de um esqueleto de dinossauro, o Staurikosaurus pricei, que viveu há 225 milhões de anos. De lá pra cá, o público que visita o Paço de São Cristóvão, na zona norte do Rio, já pôde observar a ossada de um Santanaraptor (2000) e, em 2006, impressionar-se com o gigante brasileiro Maxakalisaurus topai, de 13 metros de comprimento. A mostra atual tem patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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