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MPF investiga 69 mortes em zoológico de Goiânia

Suspeitas de ação de um suposto envenenador foram rechaçadas pelo diretor da instituição

Por Solange Spigliatti e com The Guardian
Atualização:

O Ministério Público Federal em Goiás está investigando as 69 mortes, entre elas as de 5 filhotes, de animais do Zoológico de Goiânia, ocorridas neste ano. O último animal a morrer no parque, segundo a assessoria da instituição, foi um bisão: a morte ocorreu anteontem, poucas horas depois de ele ter sido anestesiado para a realização de exames veterinários. O zoológico foi interditado no dia 20 de julho pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e não recebe mais visitantes. O MPF aguarda a conclusão dos exames pedidos pelo Ibama quando o zoológico foi fechado, além do teste toxicológico da girafa Kim, que morreu na terça-feira passada. Com essas informações, será possível estabelecer claramente uma linha de atuação. De acordo com a assessoria do zoológico, cada animal teve uma causa de morte diferente. Na manhã de quarta-feira, o MPF, o Ibama, a Delegacia do Meio Ambiente e a direção do zoológico se reuniram para discutir medidas emergenciais para tentar solucionar o problema. Ficou estabelecido que o Ibama e funcionários do zoo realizarão uma vistoria para complementar o relatório técnico que instrui o processo sobre o caso. A previsão é que esse estudo seja entregue ao MPF na segunda-feira. O resultado de todo esse trabalho será a celebração de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que deve ocorrer no início do mês que vem. Será proposta à Prefeitura de Goiânia e à Direção do Zoológico a adoção de diversas medidas necessárias para garantir o bem-estar dos animais. HIPÓTESES E VÍTIMAS Entre as dezenas de animais que morreram estão um leão, duas girafas (além de Kim, morreu também Tico, de 17 anos, em junho - ambos haviam chegado juntos ao zoológico, após terem sido resgatados de um circo), dois hipopótamos, uma onça, um tamanduá e um jacaré. O zoológico abriga cerca de 600 animais. Uma das hipóteses para as mortes é a de envenenamento, por isso as autoridades pediram que fossem realizados testes toxicológicos após a morte da girafa Kim. Rumores da ação de um possível envenenador foram reforçados após denúncias de que uma mulher havia sido vista perto do viveiro de Kim pouco antes de sua morte. O diretor do zoológico, Raphael Cupertino, rechaçou a hipótese de envenenamento, mas admitiu que a presença de uma mulher perto do viveiro de Kim era "no mínimo, estranha". "Temos visto uma sequência de mortes de animais de grande porte e vamos tomar todas as providências necessárias para resolver a situação", afirmou. Houve também acusações de que viveiros muito pequenos teriam contribuído para as ocorrências. Durante uma autópsia em um jacaré foi encontrado em seu estômago um anzol de pesca de grande porte. Em um texto na internet, o zoológico foi chamado de "show de torturas aberto ao público". "Como se a violência de deixar animais confinados não fosse suficiente, eles agora são vítimas de todos os tipos de abandono."

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