Merenda escolar em SP ficará mais ''light''

Crescimento da obesidade infantil atestado em pesquisas motiva mudança

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Por Fernanda Aranda
Atualização:

O governo do Estado vai alterar a merenda escolar em escolas públicas por causa do crescimento de índices de obesidade infantil no País. Quando as aulas retornarem, no dia 11, a novidade para 1 milhão de estudantes é uma salsicha especial, com 50% menos de gordura e 75% menos sódio. A mudança melhora a qualidade nutricional de um dos alimentos apontados como o predileto dos alunos. "A salsicha é odiada pelos nutricionistas, mas amada pela criançada", afirma o diretor do departamento de suprimentos escolares da Secretaria de Estado da Educação, Orlando Gerola. Uma vez por mês também serão distribuídas barras de cereais com chocolate, mas sem gordura trans. Segundo a secretaria, diferentemente das barrinhas encontradas em mercados, as servidas nas escolas têm menos calorias e são feitas com óleo de palma. "O melhor é que quanto mais saudável, mais barato é o cardápio", completa Gerola, que diz que o incremento não altera os custos. Pesquisas recentes mostram que já na fase do ensino fundamental (1ª a 8ª série), meninos e meninas têm peso típico de adultos. A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) atestou que, entre 6 e 15 anos, a parcela de obesos chega a 11,7%, marca próxima da encontrada em garotos norte-americanos, país onde a doença já é considerada uma epidemia. Resultados alarmantes também foram encontrados em estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) que analisou 492 alunos matriculados em escolas particulares, estaduais e municipais. Tinham peso em excesso 24,6% - e, destes, 13% eram obesos. No mesmo estudo foi atestado o predomínio do "problema com a balança" nas unidades privadas de ensino, em que as taxas de peso em desacordo com a idade chegaram a 37,4%. O predomínio dos alunos de escolas privadas nas estatísticas tem um grande responsável, como cita a especialista em nutrição e psicologia infantil Vera Lúcia Barbosa: a cantina escolar e o reinado dos salgadinhos, frituras e refrigerantes. "É difícil manter uma dieta saudável e competir com que é vendido nas cantinas", diz ela, presidente do Instituto Movere, sediado em São Paulo e pelo qual já passaram 1.200 crianças e adolescentes em programas contra a obesidade, desde 2004. Corrigir a alimentação nada saudável não é prevenção apenas para doenças como aumento de colesterol - presente em 44% das crianças, segundo estudos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - e diabetes tipo 2, antes presente apenas em adultos e agora também em adolescentes. Vera Lúcia avaliou o antes e depois dos meninos que trataram de forma integral a obesidade e identificou que os efeitos se estendem para a autoestima. Após um ano de tratamento, a dificuldade de relacionamento dos meninos caiu de 70% para 25%.

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