Mais de 7 mil bebês foram gerados na clínica em SP

Médico é responsável pelo nascimento dos filhos de famosos, como Pelé, Tom Cavalcanti e Moacir Franco

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Por Simone Iwasso
Atualização:

Fundada em 1989 em um casarão da Avenida Brasil, no Jardim América (zona sul da capital), a clínica de Roger Abdelmassih ficou conhecida pelos grandes números, pelos clientes famosos e por atitudes polêmicas de seu fundador. Autodenominada a maior clínica de reprodução assistida da América Latina, responsável pelo nascimento dos filhos de Pelé, Tom Cavalcanti, Moacir Franco e Gugu Liberato, seu slogan atual é "Rumo aos 8 mil" - no caso, 8 mil bebês gerados no local. Atualmente, segundo números divulgados pela clínica, são 7,5 mil bebês. Na festa de 5 mil nascimentos, organizada em 2006, a grande atração foi um show do cantor Roberto Carlos. O evento, que rendeu fotos em revistas e programas de celebridades, atraiu personalidades como a atriz Luiza Thomé, o apresentador César Filho, a socialite Lilibeth Monteiro Carvalho e até o ex-presidente Fernando Collor. A fama alimentou o movimento e fez com que a clínica alcançasse números altos: lá são feitos, em média, 1,5 mil ciclos de fertilização in vitro por ano. E Roger Abdelmassih, segundo ele se autointitulou em entrevistas, programas de televisão e materiais de divulgação, tornou-se "o homem que semeia bebês" ou "doutor vida". Os resultados acima da média e a celebridade, no entanto, sempre dividiram a classe médica. Abdelmassih é visto por muitos médicos como um profissional que, em nome de resultados, passa por cima de alguns princípios éticos e usa métodos contestáveis - em parte pela brecha legal e pela falta de regulamentação sobre a reprodução assistida no País. A única regulamentação sobre o tema é uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de 1992 - ou seja, há 17 anos, período no qual técnicas avançaram, abrindo novas possibilidades de intervenção. Uma de suas polêmicas foi quando passou a adotar a biópsia dos embriões para determinar o sexo do bebê e se aquela criança teria alguma doença. Ele chegou a ser acusado de praticar eugenia (seleção genética para modificar as características de uma população). Questionado sobre o tema, em entrevista do Estado em janeiro, respondeu: "Você não evitaria um filho com Síndrome de Down?" e "Como eu posso dizer não a um paciente árabe ou judeu que tem quatro filhas e não aguenta mais tentar ter um filho homem?" Outra insinuação sobre as práticas de Abdelmassih que circulam no meio médico dizem respeito ao uso de óvulos de mulheres mais jovens em pacientes com idade mais avançada ou espermatozoides de doadores sem o conhecimento do casal. Ele diz que o que faz é permitido no Brasil e foi banido apenas nos Estados Unidos. Em sua clínica, um mural no hall de entrada exibe fotos dos bebês gerados no local - anônimos e famosos. As pacientes são separadas em salas, sem contato umas com as outras, e todos os procedimentos, até mesmo exames de sangue, devem ser feitos no local. NÚMEROS 7.500 é o número de bebês gerados na clínica de Roger Abdelmassih desde sua fundação em 1989 1.500 ciclos de fertilização in vitro são feitos na clínica anualmente R$ 15 mil é o preço mínimo de um tratamento no local

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