Localizado túnel sob Jerusalém

Em 70 d.C., judeus fugiram dos romanos pelo canal

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Por EFE
Atualização:

Jerusalém - Arqueólogos israelenses descobriram acidentalmente um canal de drenagem que corria embaixo da rua central de Jerusalém há cerca de dois mil anos e pelo qual milhares de judeus fugiram quando a cidade foi destruída pelos romanos, no ano 70 d. C. Até agora, foram encontrados cem metros do canal subterrâneo, cuja extensão foi calculada em um quilômetro, do Portão de Damasco - um dos sete pelos quais se entra na cidade velha - até o Poço de Siloé, fora das muralhas da cidade. Os arqueólogos buscavam junto ao Muro das Lamentações restos da rua principal na época do Segundo Templo (centro de culto e adoração do Judaísmo, entre 515 a.C. e 70 d.C.), incendiado no século 1 pelos romanos. O canal servia para drenar a água das intensas chuvas de inverno e evitar as inundações na cidade. Um buraco em um muro de pedra permitiu que os arqueólogos encontrassem o antigo túnel, descrito pelo historiador judeu-romano Flávio Josefo em seu livro A guerra dos Judeus, no qual narra a destruição da cidade e a rebelião dos hebreus. O canal serviu primeiro de refúgio e, depois, como via de escape para os moradores da cidade. Os refugiados deixaram inscrições e utensílios de argila no túnel e abriram buracos em seus muros para as lâmpadas de óleo que iluminavam o caminho. As lajes de pedra que serviam de pavimento na rua principal, pela qual transcorriam a população da cidade e os peregrinos judeus que visitavam o Segundo Templo, eram o teto do canal. O túnel tem 3 metros de altura e 1 metro de largura, o que permite a circulação de pessoas. As pedras das paredes também têm 1 metro de largura. O estado de conservação na parte descoberta é bom. O canal, que desce à medida que avança, levava a água da chuva ao Rio Kidron, que desemboca no Mar Morto, cerca de 30 quilômetros de Jerusalém. Esse terreno ermo era refúgio habitual para dissidentes judeus, como a seita dos essênios, da qual podem ter feito parte Jesus Cristo e seus discípulos, segundo alguns historiadores. A descoberta, há duas semanas, "reflete um planejamento de grande escala (de Jerusalém), ao contrário de outras cidades do Oriente Próximo", segundo o antropólogo Joe Zias.

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