Imagens nos maços ajudam a perder a vontade de fumar

Pesquisa mostra que 79% dos fumantes brasileiros querem deixar o vício

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Por Fabiana Cimieri
Atualização:

Resultados parciais da pesquisa Projeto Internacional de Avaliação do Controle do Tabaco no Brasil, também realizada em outros 16 países, mostra que 79% dos fumantes brasileiros querem deixar o vício (atrás apenas da Holanda) e 58% querem fazê-lo nos próximos seis meses. O estudo aponta também que as advertências sobre os malefícios do fumo nos maços influenciam. Segundo a pesquisa, que no País é feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), 39,1% dos fumantes admitiram que deixaram de pegar pelo menos um cigarro nos últimos 30 dias ao ver o maço. E 61,6% dos fumantes e 83,2% dos não fumantes disseram que as advertências os fizeram pensar sobre os riscos à saúde. Do total de 717 entrevistados por telefone no Rio, em São Paulo e em Porto Alegre, 91,8% dos fumantes disseram que se pudessem voltar atrás não teriam começado a fumar. Até o fim da pesquisa serão entrevistadas 1,8 mil pessoas. O estudo global pretende medir o impacto psicossocial e comportamental dos pontos-chave da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, o qual o Brasil ratificou. A convenção estabelece mecanismos de cooperação entre os países incentivando-os a formular políticas para reduzir as consequências do consumo e da exposição à fumaça do tabaco, além de leis contra os interesses da indústria tabagista. "O Brasil é conhecido pelo seu programa de controle ao tabagismo, especialmente por causa das imagens fortes de advertência sanitária", disse o coordenador do projeto, Geofrey Fong. Desde 5 de maio, entrou em circulação o terceiro grupo de imagens - ainda mais fortes que o segundo, que ficou em vigor de 2004 a 2008. A indústria tabagista já entrou com pelo menos quatro ações contra a obrigatoriedade de estampar as advertências, mas até agora perdeu todas. Os dois grupos de imagens poderão coexistir até 5 de agosto. A partir daí só poderão ser vendidas as novas. O diretor do Inca, Luiz Antônio Santini, afirmou que o órgão vai estudar a sugestão do Instituto para Controle do Tabaco (ITC, na sigla em inglês) para que as advertências sejam estampadas também na frente dos maços. Segundo Fong, um estudo que filmou frequentadores de um bar na Austrália mostrou que 90% dos fumantes deixam a embalagem de cigarro voltada para a frente. "E as evidências são cada vez mais fortes de que as imagens despertam o desejo de parar de fumar", disse.

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