PUBLICIDADE

Grupos mantêm paixão pelo patins redescobrindo São Paulo

Usuários do meio de locomoção e lazer, popular nas décadas de 1980 e 1990, promovem passeios pela cidade

Por Vitor Tavares
Atualização:
Grupo Adreninline faz oficinas de patins com crianças Foto: Reprodução

Nos anos 1980 e 1990, difícil era não ver nas ruas e nos parques do Brasil um monte de gente que, em vez de apenas andar por aí, patinava. Considerado uma febre entre crianças e adultos, o equipamento que simulava um tênis com rodas quase que desapareceu das lojas e dos pés do esportistas urbanos nos anos 2000. E se o sumiço não foi completo, muito se deve à atuação de grupos que, organizados e levando a brincadeira a sério, passaram a explorar cidades em cima das rodinhas. A modalidade segue viva.

Foi em 2013 que surgiu o grupo Sampa Rollers, um dos que reúnem mais seguidores nas redes sociais. Inicialmente formado por frequentadores do Parque Villa Lobos, hoje já passou dos limites das áreas verdes e conta com atividades para curtir vários pontos de São Paulo. Neste domingo, 28, um evento no mesmo parque em comemoração pela Olimpíada será seguido por um "tour" indo até o Parque do Ibirapuera pelas ciclofaixas. O passeio, a partir das 8h30, é promovido pelo grupo Tortugas, que também reúne patinadores da cidade.

Grupo Tortugas faz passeios pelas ruas deSão Paulo Foto: Divulgação

PUBLICIDADE

Criador do Sampa Rollers, o administrador Davis Coelho, de 53 anos, redescobriu o prazer de patinar apenas há cinco. Ativo no esporte nos anos 1980, percebeu que podia sair do sedentarismo relembrando o que gostava de fazer quando era mais novo: "Desde então, não parei mais. Fiz amigos, curto a cidade de patins, curto os parques e minha saúde vai muito bem."

Para Coelho, a prática de um esporte que incentiva estar ao ar livre, interagindo com os equipamentos urbanos, faz com que as pessoas valorizem o seu espaço de lazer. "Isso se propaga para as outras atividade sociais e pessoais. Por exemplo, a gente se importa e sempre mantém o 'nosso point' limpo para os próximos usuários, pois é assim que o queremos encontrar quando chegarmos ao local", disse. Os encontros do grupo são às quartas e sextas-feiras no Ibirapuera, das 19h às 22h, e aos domingos, das 8h às 15h, no Parque Villa Lobos.

Grupos se reúnem em parques da cidade Foto: Divulgação

Membro da turma que andou de patins na década de 1990, o administrador Mário Júnior também se juntou aos outros patinadores para sair do sedentarismo. Mas acabou descobrindo uma paixão. Ele fundou o grupo Tortugas, que faz passeios semanais por São Paulo, principalmente à noite. "É também uma redescoberta da cidade. As pessoas tinham medo de circular pelo centro à noite, e a gente agora vê o outro lado; para, tira fotos, conversa com as pessoas", diz.

Transporte. Ainda com poucos adeptos se comparado a modalidades como skate e bicicleta, o patins ainda não é enxergado como meio de transporte, até mesmo por quem pratica. Dennis Tavares, à frente do grupo Adreninline, que reúne patinadores profissionais, acredita que a falta de incentivo faz da patinação ainda uma atividade de risco caso seja praticada no meio da rua em dias úteis. "Diante dessa situação, sem investimento na base, a gente enxerga mais como saúde, bem-estar e também como um trabalho social." O grupo promove workshops a cada 15 dias com inscrição nas redes sociais para pessoas que não têm nenhuma experiência com a modalidade.

Grupo Sampa Rollers promove atividades em SP Foto: Divulgação

De acordo com Júnior, não há um espaço adequado na cidade para considerar o patins um transporte. "Diferente da bicicleta, não basta para a gente ter uma faixa delimitada. O patins precisa de um asfalto impecável para ter segurança, o que não tem nas nossas ruas", contou. A barreira também acontece porque são poucas as pessoas que possuem a técnica necessária para saber se proteger. Para aumentar a rede de seguidores e tentar mais espaço na cidades, o Tortugas vai lançar no próximo mês um aplicativo sobre a modalidade, com rotas, informações e calendários de eventos.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.