Greve de docentes e alunos da USP tem baixa adesão

Houve aulas nas 80 unidades da instituição; representatividade das decisões é questionada

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Por Elida Oliveira
Atualização:

A greve de professores e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) decretada em assembleias na noite de anteontem, acompanhando a paralisação dos funcionários que já dura um mês, teve baixa adesão da comunidade escolar. Ontem, praticamente todas as 80 unidades da instituição tiveram aulas normalmente. Apenas a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), a Escola de Comunicações e Artes (ECA) e a Faculdade de Educação tiveram parte de suas atividades interrompidas. A tropa da Polícia Militar continuou na frente do prédio da reitoria, revezando-se com a Guarda Universitária para evitar novos bloqueios dos funcionários. Segundo a reitoria, a expectativa é de que eles continuem no câmpus até que os sindicatos desistam de realizar novos fechamentos de prédios. Na manhã de ontem, a reitora Suely Vilela, que desde o início das manifestações não falou com a imprensa, recebeu um grupo de 25 docentes. Eles levaram uma pauta de reivindicações que incluía a saída da polícia, a reabertura das negociações salariais, implementação de uma política de permanência estudantil e a anulação da decisão do Conselho Universitário que modifica a carreira docente. "Cada professor levou um exemplo de como a atuação da polícia no câmpus tem sido violenta", afirmou João Zanetic, professor de Física e próximo presidente do sindicato dos professores. A greve foi decretada em assembleia com algumas centenas de alunos, de um total de 86 mil estudantes. Entre os professores, a paralisação foi votada por 80 pessoas, de um universo de 5 mil. Por isso, discordâncias quanto ao movimento apareceram no câmpus. Muitos questionam a representatividade das decisões tomadas nas assembleias, embora sejam o espaço de votação para decidir como cada categoria se posiciona. Dois estudantes de Relações Públicas, que não quiseram se identificar, criticaram a falta de informação e desorganização do movimento estudantil. "Eles fazem assembleia e dizem que a maioria decidiu pela greve, mas que maioria? Quem vai lá tem a mesma opinião e não há discussão de diversos pontos de vista", disse um dos estudantes. "Eu não soube do dia que teria assembleia na ECA. Eles disseram que a maioria quis greve, mas não é verdade. Eu não queria e não estava lá para dizer", afirmou o outro. Para Debora Manzano, de 22 anos, aluna de Fonoaudiologia e membro do Diretório Central dos Estudantes, há uma dificuldade histórica em unificar todos os estudantes, de diversos cursos, em uma mesma pauta. "Existe um grande setor da universidade que não adere à greve e não vai às assembleias demonstrarem seus pontos de vista. Mas quem vai é quem está disposto a discutir a pauta. Não é verdade que todos têm a mesma opinião", disse ela. Para ganhar maior adesão, o grupo de professores, alunos e funcionários da USP, Unesp e Unicamp em greve está organizando uma grande manifestação para terça-feira, no qual devem ser fechados os portões de entrada do câmpus. "O principal desafio para conseguirmos abrir os diálogos com a reitoria é mostrar a nossa força e mobilização, semana que vem", afirma Debora. Os representantes das três entidades têm uma pauta de reivindicações unificada, que pede 16% de aumento.

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