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''Greve da greve'' termina em bate-boca e empurrão na USP

Alunos protestam em frente ao sindicato, que tentou impedi-los; estudante foi agredido à noite

Por Elida Oliveira
Atualização:

Terminou em empurra-empurra a primeira manifestação de estudantes contrários à greve que paralisa parte dos serviços da Universidade de São Paulo (USP) desde 5 de maio. À noite, em outro ato, um aluno contrário à paralisação foi agredido. Pela manhã, a intenção do grupo era fazer um piquenique em frente à sede do Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp) ao meio-dia. Mas, desde as 10h30, um grupo de trabalhadores estava no local para impedir o protesto, chamado de "greve da greve". Integrantes do sindicato acusaram os alunos que organizaram a mobilização de "fascistas" por tentar "ferir os direitos do trabalhador de paralisar suas atividades". Os alunos contra a greve passaram por unidades da USP para convidar colegas para o piquenique. Seis integrantes desse grupo foram expulsos aos empurrões quando atravessavam o espaço próximo ao Sintusp, dentro do bolsão da Escola de Comunicações e Artes (ECA). O estudante de Engenharia da Computação Ivan Terng, de 24 anos, foi um deles. "Tínhamos combinado uma manifestação pacífica. Estávamos passando e eles vieram nos agredir." O aluno de Letras Leandro Paixão, de 41 anos, estava entre os grevistas. "Nossa orientação era não tocar em ninguém. Mas eles que não venham aqui, no espaço do trabalhador, fazer uma provocação." Segundo o funcionário da USP Bruno Mandeli, de 25 anos, alguns alunos levantaram placas com frases agressivas dirigidas ao ex-funcionário Claudionor Brandão, demitido por processos administrativos e para quem os grevistas pedem readmissão. Para o aluno de Administração Yuri Zanoni, de 19, a luta estudantil perdeu o foco. "É a isso que se resume a pauta dos estudantes: pedir a readmissão de um funcionário." Durante a confusão, que durou cerca de 15 minutos, membros da diretoria do Sintusp fecharam barracas de lanche que ficam na área externa do sindicato e servem de alternativa para enquanto os bandejões estão fechados. A estudante de Economia Luciana Pires, de 19, sentiu-se prejudicada. "Eles ferem meu direito duas vezes. Quero ver para qual grevista eu mando a conta da minha alimentação e do meu transporte." Às 18h55, alunos contra a greve se reuniram novamente, dessa vez na Praça do Relógio, para outro ato. Gritavam "fora Brandão" e pediam a volta dos restaurantes e dos ônibus. O ato durou cerca de uma hora e foi acompanhado por alunos grevistas. Por volta das 20 horas, quando o grupo se dispersava, o aluno de História Rodrigo Sousa Neto, de 22 anos, foi agredido por um colega de curso na Praça dos Bancos. Para não reagir, sentou-se no chão e foi chutado. Alunos a favor e contra a greve separaram a briga. "Se querem ser violentos, não vou reagir. Da mesma forma que criticam a ação da polícia, eles fazem igual", disse. Ele registrou queixa na polícia. NEGOCIAÇÃO Ontem, o Sintusp informou que não faria piquetes durante as negociações entre reitores e sindicatos, na segunda-feira, caso a a PM saia do câmpus. A reitora Suely Vilela tinha se comprometido a pedir a retirada dos PMs se os manifestantes se comprometessem a não obstruir acessos a prédios.

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