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Grávidas são as mais afetadas pela gripe suína no Brasil, diz ministério

Segundo boletim, doenças do coração são 2.º fator de risco; entidade defende mudar protocolo de tratamento

Por Ligia Formenti
Atualização:

Mulheres grávidas, pessoas com problemas cardíacos e hipertensos são, nesta ordem, as principais vítimas da gripe suína. Levantamento feito pelo Ministério da Saúde sobre mortes provocadas pela doença no País mostra que, de 56 óbitos, 9 ocorreram entre gestantes - o que representa 26,3% do total. Pacientes com doenças do coração e que se infectaram pelo H1N1, o vírus da gripe suína, também apresentaram alto risco de morte: 20,6% do total. Em seguida, vieram pessoas com pressão alta (17,6%). Os números, na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Juvencio Furtado, podem servir de alerta para profissionais de saúde. "Já há uma classificação de maior risco. Com esse grupo, a atenção precisa ainda ser mais cuidadosa." O boletim divulgado ontem mostra 27 mortes a mais do que o que havia sido registrado há uma semana. Apesar do aumento do número absoluto de óbitos, a taxa de letalidade da doença (número de mortes entre casos graves) caiu de 12,8% para 10,3%. O outro indicador usado, o de mortes por 100 mil habitantes, praticamente dobrou: de 0,015 por 100 mil para 0,029. Ainda assim, uma taxa menor da que é registrada nos Estados Unidos (0,09), no Chile (0,11) e na Argentina (0,41). A circulação do vírus da gripe suína continua igual ao da semana passada: dos casos confirmados, 60% são de H1N1. A doença continua crescendo de forma significativa no País. Até agora, dos 2.962 casos suspeitos de síndrome respiratória aguda (tosse, febre e dificuldade respiratória), 378 foram confirmados para gripe suína. Na semana passada, eram 222. Houve no período um aumento do porcentual de casos graves de gripe provocados por H1N1. Enquanto na semana passada 14,2% dos pacientes com gripe suína apresentavam a forma grave, nesta semana o porcentual passou para 19%. Já no caso do vírus da gripe comum passou de 17% para 18,5%. Para Furtado, os números justificam a mudança no protocolo do tratamento da gripe. A Sociedade Brasileira de Infectologia defende que o remédio passe a ser oferecido para todos os pacientes com sintomas de gripe, não apenas para os casos graves. O pedido foi apresentado formalmente ao Ministério da Saúde. "Há de fato a possibilidade de o vírus da gripe tornar-se resistente ao remédio. Mas é um risco que temos de correr." Ele acredita que a medida poderia reduzir o impacto da doença neste ano, quando ainda não há uma vacina específica para doença. Ontem, o Ministério Público Federal questionou a política de indicação da droga usada para o tratamento da doença. O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, enviou ofício pedindo informações sobre critérios usados pela pasta.

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