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''Feminino'' chega ao nº 3.000 como símbolo de conquistas

Iniciada em 1953, publicação do ?Estado? acompanhou transformações sociais e culturais

Por José Maria Mayrink
Atualização:

O Feminino, antes Suplemento Feminino, que chega hoje à edição nº 3.000, nasceu em 25 de setembro de 1953, quando o Estado transformou em caderno a página feminina que publicava às sextas-feiras. Leia mais reportagens publicadas no caderno Feminino Sua primeira diretora foi Maria do Carmo de Almeida, a Capitu, que assinou crônicas até julho de 1958, quando se despediu com um texto sobre a participação da mulher no jornalismo. "Hoje, as saias são comuns nas redações...", escreveu a editora, acrescentando que o jornal era uma conquista para as mulheres "como ofício árdua e heroicamente realizado". Antes de se aposentar, em 1959, Capitu abriu espaço para cronistas como Fernando Sabino, Perseu Abramo, Nilo Scalzo, Lygia Fagundes Telles e Cecília Meireles, alguns dos colaboradores mais famosos do Suplemento, ao lado de ilustradores e chargistas como Claudius e Jaguar. A eles se somariam Carlos Vergueiro, Luiz Carlos Lisboa e Frederico Branco. Assinada por Maria Heloísa Penteado, a página infantil tinha quadrinhos de Pinduca, de Carl Anderson, e dicas de "brinquedos ao ar livre", como o chicote queimado. A capa de 24 de dezembro de 1972, na edição comemorativa do n º 1. 000, mostrava a equipe do Suplemento Feminino, com a diretora Maria Cecília Vieira de Carvalho Mesquita sentada em uma poltrona de vime entre seus colaboradores - 11 mulheres e 4 homens. A editora era Maria Lúcia (Lucinha) Fragata. "Comecei em julho de 1967 e fui editora durante 37 anos", lembra Lucinha, transferida do Jornal da Tarde, no qual editava uma página feminina. Com a aprovação da diretora, formou equipe nova, sem demitir ninguém. Várias redatoras e repórteres de sua época, como Berenice Santos Guimarães e Dinah Bueno Pezzolo, continuaram como colaboradoras, depois de se aposentar. "A atual editora, Roberta Sampaio, que me substituiu, já trabalhava na redação quando saí, em 2003", afirmou Lucinha. Também estavam as repórteres Vera Fiori e Fabiana de Nadai Caso. Economia doméstica, jardinagem e trabalhos manuais eram seções obrigatórias que foram reformuladas. O Suplemento Feminino recebia de 30 a 40 cartas por dia, com elogios, críticas e sugestões. "A repercussão era tanta que nossos concursos de trabalhos manuais chegaram a ter 7 mil concorrentes", lembra Lucinha. As edições passaram a girar em torno de um assunto e especialistas foram contratados para escrever sobre sua área. Um deles, o pediatra Eraldo Fiore, assinou coluna por mais de 20 anos. O Suplemento Feminino, que nos primeiros anos tinha colunas curiosas como "Livre-se dos insetos perniciosos", também publicava reportagens sobre temas atuais e personagens famosos. Em maio de 1964, acompanhou exposição de Tarsila do Amaral em Veneza. Até então em formato berliner, passou ao tamanho standard e oito páginas em janeiro de 1967. Assim continuou até dezembro de 1970, quando virou tabloide. "Eu não gostava do tamanho standard", disse Cecília Mesquita, na semana passada. Mas gostava da publicação do expediente, que lamenta ter sido abolido.

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