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Estou no trabalho. Volto já

Falta ou excesso de empolgação com sua atividade podem ocasionar algumas doenças psicossomáticas

Por Agencia Estado
Atualização:

A visão tradicional do mundo demonstra que um corpo não pode ocupar dois lugares ao mesmo tempo. Mas muitas pessoas experimentam, todos os dias, uma sensação que parece contrariar esse princípio da física: estão presentes no trabalho mas, ao mesmo tempo, não estão ali. Considerado um dos sintomas que antecede o estresse ou a depressão, o chamado presenteísmo pode afetar não só a saúde da pessoa, mas também sua produtividade no trabalho. Pessoas pouco engajadas com o trabalho são suas principais vítimas. Desanimadas e com o nível de estresse lá em cima, elas podem começar a ter os primeiros sintomas físicos do presenteísmo: dores (de cabeça, nas costas), irritação, letargia, cansaço, ansiedade, angústia, depressão, insônia e distúrbios gastrointestinais. ´O presenteísmo não é doença, mas conceito. Ele causa queda no desempenho e na produtividade, além de isolamento social´, diz o clínico-geral Marcelo Dratcu, especialista em Medicina Comportamental. Ao contrário do presenteísmo, a Síndrome de Burnout (do inglês ´queimar´) costuma acometer gente que gosta demais do que faz. O funcionário é tão apegado ao trabalho que não sabe a hora de parar. Volta e meia o chefe (pelo menos o sensível) sugere que ele ´tire uns dias de folga´. Mas a pessoa não descansa e o problema piora - e uma hora, a vítima ´trava´, em um termo usado pelo psiquiatra Sérgio Baldassin. O equivalente, em imagem, seria o motor de um carro cuja vida útil estivesse nas últimas. Apesar de ser diferente do estresse, a Síndrome de Burnout pode ser diagnosticada, sem muita dificuldade, por um leigo. ´É aquele profissional que não olha nos olhos do colega de trabalho ou do cliente, tem medo de ser agredido e por isso, às vezes, é agressivo´, diz Baldassin. Além dos sintomas psicológicos e comportamentais, a Síndrome de Burnout pode evoluir para um quadro físico, com dores, insônia e perda da memória. Alguns pesquisadores, segundo Baldassin, a consideram um estágio anterior da depressão ou um caminho para doenças cardiovasculares. Por surgirem do trabalho, problemas como o presenteísmo e a Síndrome de Burnout não se resolvem apenas com medicamentos. ´O trabalhador deve, antes de mais nada, pesar se aquilo é mesmo o que gosta de fazer´, aconselha Dratcu.

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