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Escola da Tijuca é referência na rede

Aberta este ano em prédio privado, oferece aulas sobre mundo digital

Por Marcia Vieira
Atualização:

A diferença já é visível logo na fachada. O prédio do Colégio Estadual José Leite Lopes, na Tijuca, zona norte do Rio, parece um centro tecnológico. Nas salas de aula não há quadro negro. Os professores usam uma lousa digital conectada à internet. Os alunos não precisam copiar a matéria nos cadernos. Salvam os conteúdos em pen drives. Na hora do recreio, têm à disposição jogos eletrônicos de última geração. A escola começou a funcionar em maio deste ano. Há outros exemplos de parceria público-privada em escolas do País, mas é a primeira feita pela secretaria estadual de Educação do Rio. No colégio, funciona o Núcleo Avançado em Educação (Nave), financiado pela Oi Futuro, braço da companhia telefônica dedicado à educação. A empresa investiu R$ 8 milhões no projeto. Além das disciplinas tradicionais, há teatro, música e artes, e outras seis ligadas ao mundo high-tech, como cultura digital, jogos digitais, programação e textos para novas mídias. Neste primeiro ano, entraram 176 alunos, todos matriculados em outras escolas públicas e que foram selecionados numa prova com ênfase em questões de raciocínio lógico. Para 2009, a expectativa da diretora Luzia Tavares da Silva é que 5 mil adolescentes disputem 180 vagas. A secretária estadual de Educação, Teresa Porto, defende que a escola só atenda alunos da rede pública, mas isso ainda será decidido. "Ainda estamos estudando a melhor forma", diz. A expectativa se justifica. A escola tijucana destoa do resto da rede pública de ensino carioca. O prédio, uma antiga central telefônica da Oi, é impecavelmente limpo. Não há paredes rabiscadas. Os móveis são novos. SURPRESA "Aqui ninguém tem coragem de jogar um papel no chão", diz o aluno Adriano Ivo Tavares, de 16 anos. O horário é integral e os jovens têm, por dia, duas horas de estudo que podem usar para tirar dúvidas com monitores ou com os próprios professores. "Nunca tinha visto isso. O professor de matemática se oferece para me ajudar com a matéria na hora que ele tem para almoçar", diz André D´ Ávila, 16 anos. O tal professor é Eric Nelson, que carrega no currículo um mestrado em Engenharia de Sistemas. Há três anos dando aulas de matemática na rede estadual, já estava prestes a se demitir quando apareceu o convite para ir para o Nave. "Estava desiludido achando que a máquina da educação pública estava falida. Esta escola é uma tentativa de resgate da educação", acredita. A idéia é que saiam da escola novas técnicas pedagógicas que serão levadas para outras da rede estadual. "Existe um diálogo constante entre os professores da área técnica e das outras disciplinas", explica a diretora. "É preciso desenvolver neles a visão crítica em relação à tecnologia."

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