Entrevista: O casamento funciona?

Lídia Rosenberg Aratangy, psicóloga, terapeuta de casais e autora do livro ?O anel que tu me deste?

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Por Agencia Estado
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De cara, ela avisa que se trata de um livro que reflete o olhar, os sentimentos e o pensamento de uma mulher casada há quase 50 anos, mãe de quatro filhos e avó de (até o momento) sete netos, que nasceu na metade do século 20, vive a maturidade no início do século 21, bebe na fonte da psicanálise e trabalha há 30 anos com terapia de casais. É fácil entender, portanto, que ?O anel que tu me deste?, de Lidia Rosenberg Arantangy, tem uma visão animadora sobre os relacionamentos amorosos. ?Tenho em relação à vida. Acho que a vida é boa?, diz. Afinal, o casamento funciona? Está longe de ser perfeito, mas parece que, até hoje, não se inventou nada melhor para enfrentar os desafios da vida do que um vínculo amoroso entre pessoas que têm um projeto em comum e pretendem envelhecer juntas. Tem receita para dar certo? Há ingredientes que não podem faltar, como a tolerância mútua e o bom humor, mas não quer dizer que garantam o sucesso da receita. No livro, a senhora diz que depois que nasce uma relação amorosa, a paz estará para sempre comprometida. Por que? Quando entra numa relação amorosa, a pessoa deixa de estar contida em si mesma. A gente não devia amar mais do que uma samambaia! Nós estabelecemos vínculos amorosos muito complexos, um telefonema que atrase nos coloca em um abismo de incertezas e inseguranças, a alegria fica na dependência de tantas coisas que estão fora do nosso controle. Em compensação, a gente ganha tanta coisa. Mil vezes essa tormenta, esse turbilhão, do que a tranqüilidade de uma vida solitária. Mas a rotina, a convivência diária, não mata esse turbilhão? A linha entre a tranqüilidade e a estagnação é estreita. Aí está muito perto da morte. O que mata uma relação não é a rotina, que até aproxima. O pior inimigo é a perda da curiosidade com relação ao outro, quando a pessoa diz que já sabe o que outro vai dizer, pergunta mas não escuta a resposta, quando acredita que o outro é sempre igual a ele mesmo. Mas todas as pessoas mudam, a gente é que é muito distraído. O fim do desejo sexual, você diz, é reflexo e não causa de problemas? Essa é uma área sensível, exige uma relação de confiança mútua e pode ser abalada facilmente. É um reflexo de como está a relação . Cada casal tem de fazer um casamento sob medida para eles. Não existe prêt-à-porter. O anel que tu me deste Editora Artemeios. 192 págs. R$ 29

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