Empresas em São Paulo barram arborização

Custo de compactar ou ?enterrar? linhas de transmissão seria alto e não resolveria problemas com árvores grandes, alegam companhias

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Por Cristina Amorim
Atualização:

O projeto de arborização de todos os municípios paulistas elaborado pela Secretaria do Estado Meio Ambiente vem tendo com obstáculo a política urbanística de companhias elétricas que atuam no Estado. Enquanto a secretaria quer plantar árvores de grande porte, as empresas recomendam as de pequeno e médio portes. A justificativa é que as árvores altas ameaçam os fios de transmissão de energia, além de ter raízes que podem danificar calçadas e estruturas subterrâneas, como redes de distribuição de água e coleta de esgoto. Para a secretaria, espécies pequenas não fornecem os serviços ambientais esperados, como melhoria na qualidade do ar, controle da poluição sonora e manutenção do microclima. "O que se recomenda é arbustização, que não tem função, não sombreia, não serve para nada", diz José Walter Figueiredo, gerente executivo do projeto Municípios Verdes, que prevê a recomposição das áreas verdes urbanas para pelo menos 12 metros quadrados por habitante. "A arbustização só encaixa arbusto debaixo do fio." Segundo ele, a arborização pode juntar serviço ambiental e fornecimento de energia elétrica de qualidade para os consumidores. Uma maneira, afirma, é compactar os fios, tecnologia que reduz a área livre necessária perto dos cabos. Para o agrônomo Demóstenes Ferreira da Silva Filho, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, "árvore de pequeno porte é arbusto e não traz benefícios". Segundo ele, essas espécies são usadas porque as empresas usam uma tecnologia centenária. INTERRUPÇÕES DE ENERGIA As árvores são uma das principais causas de interrupção de fornecimento de energia, principalmente quando chove, afirmam as empresas. O gerente de meio ambiente da CPFL Energia, Rodolfo Nardez Sirol, diz que a compactação dos fios pode ser feita em novos empreendimentos, mas que expandir a iniciativa para toda a rede instalada traria um custo proibitivo - não especificado por ele. Além disso, a tecnologia "não resolve 100% dos problemas". A distribuição subterrânea, outra forma de resolver a questão - além de melhorar o visual das cidades -, é dez vezes mais cara e o custo seria repassado ao consumidor. Em nota, a AES Eletropaulo afirma que "a utilização de rede compacta não elimina a necessidade de adequação do modelo arquitetônico natural das árvores, ou seja, a poda de árvores sempre será uma atividade necessária". Também diz que a poda de condução "pode representar um alto custo para as prefeituras".

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