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Em 13 anos, emissão de CO2 das indústrias cresce 77%

A causada pela queima de combustíveis fósseis aumentou 49% no mesmo período, diz governo

Por Lisandra Paraguassu e BRASÍLIA
Atualização:

As emissões de carbono das indústrias brasileiras cresceram 77% entre 1994 e 2007. No mesmo período, a emissão por queima de combustíveis fósseis subiu 49%. Os números, apresentados ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, mostram que, apesar do desmatamento ainda ser a principal fonte de CO2 no Brasil, os combustíveis e a indústria passam e ter uma importância muito maior como poluidores do que há 13 anos. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a importância desses setores deverá subir de 18% em 1994 para algo entre 25% e 30%. Já o desmatamento, calcula, deverá ser responsável por 55% ou 60% das emissões brasileiras, contra 75% em 1994. ''A preocupação vai continuar sendo a floresta, claro, mas a importância da energia e da indústria passa a ser muito maior que em 1994. Precisamos de políticas públicas mais específicas'', disse Minc. Os dados divulgados ontem são uma estimativa feita com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Empresa de Planejamento Energético (EPE) e da própria indústria. Os dados de emissões estão bastante defasados no País. Em 2004, o Brasil publicou seu inventário nacional de emissões, porém as medições e estimativas diziam respeito ao período 1990-1994. O próximo inventário completo deve ser lançado no final deste ano. COMPARAÇÕES A metodologia para obter os dados apresentados ontem foi a mesma da usada para o inventário de 2004, diz Minc, e por isso é possível fazer comparações. Em 1994, as emissões de carbono com a queima de combustíveis fósseis somaram 225.203 toneladas. Em 2007 chegaram a 334.696 toneladas. O setor de transporte foi responsável por 44% delas, que subiram 56% no período - responsabilidade, na sua maior parte, de carros, ônibus e caminhões, que emitiram, sozinhos, 132,7 mil toneladas de gás carbônico. No entanto, foram as termelétricas as responsáveis pelo maior salto na quantidade de emissões no período. Nesses 13 anos, o crescimento foi de 122%, chegando a 24,1 mil toneladas. A consequência é que a matriz energética brasileira ficou mais suja: enquanto a geração de energia no País aumentou 71%, a emissão de carbono por essa mesma geração cresceu 122%. ''Aumentou muito a emissão de CO2 por geração de energia. Ainda está bem comparado ao resto do mundo, mas ficou mais suja. Essa é uma direção ruim'', disse Minc. Nos processos industriais foi o cimento a área onde as emissões mais cresceram, variando 115%. Em 1994, o cimento representava 55% do carbono lançado na atmosfera pelas indústrias. Atualmente, chega a 67%. O crescimento, explica o ministério, deve-se principalmente ao aquecimento da construção civil. O ministério ainda finaliza as estimativas de emissões de outras áreas, incluindo a agropecuária e o desmatamento. Esse último, no entanto, com acompanhamento constante, é o que possui dados mais atualizados e mais acurados. COBRANÇA Nesta semana, grandes empresas, como a Vale, comprometeram-se a reduzir suas emissões de CO2. Mas elas cobraram do governo que publicasse anualmente uma estimativa de emissões e, a cada três anos, um inventário. NÚMEROS DO BRASIL 77% foi o quanto cresceram as emissões de carbono das indústrias brasileiras entre 1994 e 2007 49% foi o crescimento das emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis no mesmo período 18% era o peso que os combustíveis e a indústria tinham como poluidores em 94 30% é o quanto pode representar, em relação a todos os poluidores, esses dois setores nos próximos anos

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