PUBLICIDADE

Efeito estufa condena pequenas geleiras ao desaparecimento

''As grandes vão durar mais, porém ficarão muito menores'', diz pesquisador

Por The Guardian
Atualização:

As geleiras do planeta estão derretendo, em sua maioria, de maneira tão rápida que desaparecerão até meados deste século, advertiu um importante especialista. Os dados, fornecidos pelo Serviço de Monitoramento das Geleiras Mundiais (WGMS, na sigla em inglês), mostram que, embora as taxas de derretimento relativas a 2007 tenham baixado de modo substancial em relação aos níveis recordes do ano anterior, a perda de gelo ainda é a terceira mais elevada já registrada. Estima-se que o total da massa que restou das geleiras é o menor em "milhares de anos". Confira a evolução das emissões de CO2 no mundo, país a país Mesmo segundo projeções moderadas do serviço de advertência, as pequenas geleiras não vão se recuperar, diz o professor Wilfried Haeberli, diretor da WGMS. Com isso, cresce o risco de repentinas avalanches de pedras e de terra que se desprendem com o gelo e a ameaça à sobrevivência de mais de 2 bilhões de pessoas que dependem do gelo derretido que alimenta os rios no verão. O derretimento das geleiras também provoca um aumento do nível médio do mar. "Se o clima não esfriar drasticamente, elas se desintegrarão", alerta Haeberli. "Isso significa que muitas desaparecerão nas próximas décadas, daqui a 10, 20, 30, 40 anos." "Numa perspectiva realista de aquecimento médio, não haverá esperança para as geleiras pequenas - nos Pirineus, na África, nos Andes ou nas Montanhas Rochosas. As grandes geleiras do Alasca e do Himalaia vão durar mais, porém ficarão muito, mas muito menores", afirma Haeberli. O WGMS, entre cujos patrocinadores estão agências da Organização das Nações Unidas e entidades científicas, consolida anualmente os dados referentes a 100 geleiras em todo o mundo, e também 30 geleiras "de referência" em 9 cadeias de montanhas diferentes de 4 continentes. Alguns dados são coligidos há quase 30 anos. Os números para 2005 e 2006 mostraram a maior perda de gelo em um único ano desde que os dados começaram a ser reunidos. Com base em reconstituições históricas, concluiu-se que o período foi o pior dos últimos 5 mil anos. Os dados mais recentes, relativos a 2006-07, mostram que 22 das 27 geleiras de referência perderam massa, assim como outras 55 de uma lista maior, de 74 formações. O total das perdas chegou a 50% do registrado no período anterior - mesmo assim, foi o terceiro maior recuo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.