Efavirenz passa a ser feito no País

Primeiro lote do genérico contra a aids fica pronto em fevereiro

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Por Fabiana Cimieri , Ligia Formenti e Fabiane Leite
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a começar a produzir a versão genérica do Efavirenz, remédio usado no tratamento de pacientes com aids. O registro do produto, último passo para o início da produção nacional, foi publicado ontem no Diário Oficial da União. O Efavirenz foi desenvolvido pelo laboratório americano Merck e teve seu licenciamento compulsório decretado em 2007, medida do ministro José Gomes Temporão que teve repercussão internacional. A previsão é a de que sejam fabricados 2,1 milhões de comprimidos da droga até o fim do ano. Segundo a direção de Farmanguinhos, laboratório da Fiocruz que produzirá o remédio, a produção começa nesta semana e o primeiro lote deve ficar pronto até a segunda quinzena de fevereiro. Cada comprimido custará R$ 1,39. A Merck cobrava US$ 1,5 (R$ 3,4) por unidade, mas, nos últimos dois anos o País vinha importando a droga do laboratório indiano Ranbaxy. Quando a compra começou, em 2007, o valor do remédio indiano era de R$ 1. Antes da quebra de patente, o Brasil gastava R$ 90 milhões com a compra do medicamento, usado por cerca de 75 mil pessoas inscritas no Programa Nacional de DST Aids. A mudança para o medicamento indiano acarretou uma economia de R$ 30 milhões. Apesar de mais barata do que a nova versão nacional, o negócio com os indianos sempre foi considerado uma etapa intermediária do projeto. "Importar da Índia pode até ser mais barato, mas economicamente é mais vantajoso fabricar aqui, pela inovação, tecnologia, ampliação do parque industrial e capacidade de gerar novos empregos", disse o diretor de Farmanguinhos, Eduardo Costa. Para o presidente do Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo, Rodrigo Pinheiro, a autorização da produção é importante. "É um grande passo, mas a indústria nacional ainda está atrasada. Precisamos de mais investimentos para que se torne realmente uma alternativa. Os genéricos nacionais ainda custam mais do que os indiano". Segundo Costa, depois dos ajustes das máquinas, que devem demorar cerca de quatro dias, Farmanguinhos teria condições de produzir lotes com 2 milhões de comprimidos a cada dois dias. "E podemos dobrar a produção." O Efavirenz será o 8º medicamento do coquetel produzido nacionalmente e o primeiro de uma nova geração da Fiocruz. Outro medicamento cuja produção nacional já é estudada pela fundação é o Tenofovir.

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