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Ecológica e correta

O Projeto Quixote tem uma nova sede, ecologicamente correta, onde abriga crianças e jovens carentes

Por Fabiana Caso
Atualização:

Junte as duas expressões de ordem dos tempos atuais: sustentabilidade e cuidado social. E aí está a receita que foi colocada em prática na nova sede do Projeto Quixote. A casinha colorida no bairro do Bexiga, com capacidade para abrigar 20 crianças e adolescentes em situação de risco, seguiu um projeto pra lá de ecológico. O arquiteto Gert Seewald mudou a cara do imóvel antigo e incluiu símbolos lúdicos, grafite e arte de rua - tudo para que os pequenos se sintam em casa. Aberta há alguns meses, a casa tem caixa para captação de água das chuvas, moinho no telhado que transforma a energia eólica em eletricidade, móveis feitos com tetrapack (embalagem de leite longa vida) e uma horta hidropônica, que está sendo instalada. Outra idéia que será colocada em prática, segundo os diretores, é a de fazer um captador de energia solar com garrafas Pet. "Queremos que as crianças e suas famílias reproduzam esses conceitos em suas casas e comunidades", explica Ricardo Carvalho, um dos coordenadores dessa nova sede do Projeto Quixote. A casa funciona como um Centro de Referência da Criança e do Adolescente (Creca) e tem capacidade para abrigar 20 crianças - ex-moradores de rua ou provenientes de situações de risco. Têm alimentação, abrigo, cuidados médicos e acesso a oficinas de capoeira, break, grafite, além de passeios pela região central, museus, cinemas e teatros. Contam com 12 educadores, divididos em dois plantões, uma assistente social, um psicólogo e duas cozinheiras. Os jovens moram na casa por até dois meses e, nesse período, o Projeto Quixote tenta localizar a sua família. "O grande objetivo é o re-matreamento, ou seja, fazer com que eles voltem para suas casas. Consideramos as crianças que moram nas ruas refugiados urbanos", diz a coordenadora do Programa Presença Social na Rua, Cecília Motta. F. J., de 15 anos, fala: "na rua, não temos o que queremos. Aqui é bom: jogo bola e estou indo ao curso de marchetaria." Já a menina A.G., de 13 anos, que está há um mês na casa, acrescenta: "eles tentam fazer o melhor pela gente, dão conselhos e tentam nos aproximar de nossa família." A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Projeto Quixote nasceu há 11 anos, a partir do sonho do psiquiatra Auro Lescher, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e outros profissionais da saúde. "Queremos que nossos quixotinhos possam virar cidadãos brasileiros e que nós não precisemos existir um dia", resume a coordenadora do Programa Presença Social na Rua, Cecília Motta. A sede principal do Projeto Quixote fica na Vila Mariana, onde são promovidas diversas oficinas para cerca de 500 crianças por mês. Lá, porém, não há espaço para as crianças morarem, como na nova sede. Entre as oficinas, existem algumas direcionadas especificamente às mães, que aprendem técnicas artesanais.

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