Dois tempos

Apartamento da década de 1950, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, ganha ares de loft após reforma que durou 7 meses

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Por Marcelo Lima
Atualização:
Após a reforma ambientes aparecem totalmente integrados Foto: divulgação

Otimizar a ocupação dos espaços, mas sem perder de vista os elos da construção com seu passado. Foi esse o objetivo perseguido – e alcançado – pela arquiteta Natasha Frota, do escritório Garimporio, na reforma deste apartamento térreo, da década de 1950, onde ela vive com o marido no bairro do Jardim Botânico, no Rio. 

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Assim, se antes o casal de moradores usava, apenas 65 m² dos 100 m² disponíveis, hoje a ocupação pode ser considerada praticamente total. Se antes as marcas do tempo apenas se insinuavam na construção, hoje estão mais em evidência do que nunca, em flagrante contraste com o perfil contemporâneo da decoração. “Na planta original, os quartos eram separados pela sala, havia um único banheiro e o quintal podia ser considerado uma área morta. Atualmente, são dois quartos, dois banheiros, sala e cozinha integradas, lavanderia e um pátio interno”, resume a arquiteta.

Determinante para a integração dos ambientes, a remoção de algumas paredes conferiu ao imóvel ganhos surpreendentes em termos de luminosidade e ventilação. Além de franquear a todos os espaços boas condições de acesso ao pátio, o atual coração da casa. “Uma das extremidades do antigo quintal cedeu espaço para a construção de mais um banheiro e da lavanderia. Na área restante, instalei um deck e um jardim vertical. Onde quer que estejamos, na sala ou na cozinha, é possível desfrutar do verde”, conta Natasha.

A cozinha, que ocupava o espaço antes reservado ao banheiro, foi totalmente integrada à sala, atendendo a um desejo mútuo do casal. Assim, do sofá da sala de TV é possível acompanhar a preparação dos pratos. “Quando tudo fica muito visível, tudo tende a ser observado em seus detalhes”, afirma a arquiteta, que imaginou uma decoração que parte do existente. Foram mantidos o pé-direito, as sancas de época, as molduras dos lustres e as esquadrias originais. Bem como paredes, colunas e vigas devidamente despidas. 

Elemento preponderante, o cimento reina soberano nos banheiros, recobrindo paredes e bancada. E ainda no piso, onde aparece na forma de placas cimentícias, também usadas no restante do apartamento. Coerente com um partido de projeto, que visa contrapor o novo ao antigo, o mobiliário mescla designers jovens e consagrados, peças recém-adquiridas a outras ligadas à memória afetiva dos proprietários. “Nossa intenção sempre foi a de contar uma história. A nossa história, impressa em cada detalhe da nossa casa. Acho que essa etapa já está cumprida. Agora é hora de começar outra, deixar a família crescer”, conclui.

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