Do abrigo às repúblicas de mães

Entidade filantrópica desenvolve soluções para gestantes carentes

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Por Redação
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Com 69 anos de existência, o Amparo Maternal, entidade filantrópica na zona sul de São Paulo, criou diferentes "soluções" para as mulheres que têm filhos muito jovens, uma série de filhos sem planejamento, e que não vivem o clima de celebração e solidariedade de uma gravidez planejada. Os serviços do estabelecimento, ligado à Igreja Católica, vão de um abrigo na própria unidade, especial para grávidas adolescentes ou doentes, à "repúblicas de mães solteiras", para as mães adultas que se viram sem nenhum tipo de apoio de amigos ou familiares após o parto. No abrigo há espaço para cerca de cem mulheres, em um prédio limpo em que são ofertados alfabetização, cursos de informática, costura, aulas sobre como cuidar do bebê para antes ou depois dos 9 meses de espera. Flávia, 21 anos, usuária de crack, teve o primeiro filho aos 15 e está grávida do quarto. Já esteve no Amparo nas outras gestações e agora, longe das drogas, espera o filho no Amparo para se manter "limpa"."Eu sempre fiquei grávida sem planejar, mas minha vida só não é pior por causa dela", diz, apontando para a barriga. As assistentes sociais explicam, um pouco sem esperança, que Flávia vive em altos e baixos, enquanto não consegue tratamento para a dependência. A sorte é ter um companheiro, que fica com suas outras crianças. Na periferia da zona sul, a entidade filantrópica mantém discretamente há quatro anos outra "solução" para as mães sem amparo. São repúblicas de mães solteiras e seus filhos, que não têm a "sorte" de terem companheiros ou qualquer outra pessoa para lhes dar a mão. São quatro casinhas no mundaréu de casas e cômodos de tijolo ou cimento aparente do Parque Bristol. A idéia é simples e tem dado resultado: o Amparo paga o aluguel até que as mães consigam algum trabalho, daí para frente é com elas, que ainda assim, se precisam, recebem cestas básicas, roupas e itens de higiene. "Tudo que tem aqui foi o Amparo que me deu", diz a faxineira Simone Silva da Rocha, de 21 anos, mãe de Letícia, 2, enquanto mostra a casa organizada e com cheiro de bebês que divide com Maria Helena de Jesus, 35, e os três filhos da também faxineira. "É tudo família", diz Maria Helena, em meio à bagunça das crianças. Apesar de a entidade receber recursos do SUS, além de verba da assistência social da Prefeitura, vive em constante dificuldade e em campanha para receber todo tipo de ajuda. A última idéia das irmãs Vicentinas foi criar e vender o livro Ser Mãe é Tudo de Bom (Matrix Editora, 192 págs.) sobre a maternidade de mulheres famosas, dinheiro que ajudará quem vive e viveu a gestação sem nenhum glamour. Os livros (R$ 29,90) podem ser adquiridos na Livraria Cultura ou pelo telefone (0xx11) 5089-8277

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