Clínicas de estética são interditadas

Fiscalização da vigilância em SP encontrou falta de higiene, esterilização inadequada e medicamento vencido

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Por Luisa Alcalde e Humberto Maia Junior
Atualização:

Falta de higiene, esterilização inadequada de equipamentos, profissionais não habilitados, uso de medicamentos vencidos, reutilização de seringas, agulhas ou sobras de anestésicos e até falsificação de receitas. Esses têm sido os principais problemas encontrados em clínicas de estética - que fazem aplicação de botox, lipoaspiração, depilação a laser - durante blitze que vêm sendo realizadas desde o início do ano pela Vigilância Sanitária em São Paulo. De 21 estabelecimentos fiscalizados no primeiro semestre, 8 apresentavam risco elevado de comprometimento da saúde da clientela - 4 foram fechados e 4, interditados parcialmente. Outros 4 apresentavam problemas, mas que não colocavam em risco a saúde. Eles foram multados e têm prazo de adequação. Apenas 9 atendiam em condições satisfatórias. As clínicas fechadas, cujos nomes não foram divulgados, funcionavam no Itaim Bibi, na Consolação e em São Miguel Paulista. As interditadas parcialmente ficam na República, Tatuapé, Ipiranga e Jardim Paulista. A maioria das visitas ocorreu após denúncias. O objetivo das inspeções é evitar que os frequentadores sejam contaminados por vírus e bactérias, explica Ricardo Lobo, subgerente de produtos e serviços da Coordenação de Vigilância em Saúde. "Queremos minimizar riscos à saúde da população. As fechadas raramente voltam a funcionar", afirma ele. Segundo Lobo, a vigilância decidiu inspecionar as clínicas de estética no final do ano passado quando casos de contaminação por micobactéria, uma bactéria muito resistente, foram detectados em outras cidades e passaram a chamar a atenção da classe médica e dos agentes de saúde. "Uma das formas de contaminação se dá por meio de instrumentos cirúrgicos e equipamentos não esterilizados corretamente." "Procedimentos estéticos invasivos como aplicação de botox, lipoaspiração e até depilação a laser devem ser executados, indicados ou prescritos por médicos. Mas observamos que nem sempre é isso o que ocorre em algumas clínicas", disse o especialista. As blitze continuam até dezembro. Nas inspeções, a vigilância encontrou cerca de 15 tipos de irregularidade - produtos sem registro, armazenamento errado de medicação e profissionais que não lavam as mãos rotineiramente. Vaidosa, a economista Ana, de 27 anos, adora se cuidar. Mas desistiu das clínicas de estética depois de ter problemas. "Nunca mais fiz tratamentos de beleza." O primeiro problema foi o mais grave. Ana teve alergia a um produto para a diminuir estrias manipulado em uma clínica. O tratamento consistia na realização de pequenas incisões na pele e aplicação do produto, que levaria café e chá verde. "Um lado da minha perna ficou inchado, vermelho." Em outra situação, a mãe de Ana teve problemas em clínica de depilação. "A cera estava muito quente e ela teve queimaduras de segundo grau." Por fim, ela pagou 12 sessões de depilação a laser, mas, quando foi marcar a sétima, a empresa tinha fechado.

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