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Centro para idosos fecha as portas em SP

Por Alexandre Gonçalves
Atualização:

O único centro de vivência para idosos da capital com qualidade de hotel cinco estrelas e acompanhamento médico permanente deve fechar as portas. O Hiléa, na zona sul de São Paulo, cobrava mensalidades a partir de R$ 6 mil e, em abril, passou a incentivar os moradores a procurar outros centros. As famílias pretendem entrar com ação em órgãos de defesa do consumidor contra os proprietários, que dizem não ter mais dinheiro para manter o local. Hoje, há 17 idosos no centro (a instituição tem 119 quartos). Por nota, os proprietários informaram que o projeto "está em tratativas comerciais avançadas visando à venda do empreendimento". Eles alegam que a necessidade de investimento foi maior do que a prevista, inviabilizando o negócio. Para sustentar a instituição, seria preciso gastar mensalmente R$ 500 mil. O Hiléa surgiu em dezembro de 2007, por meio de uma parceria entre seus idealizadores - uma equipe de médicos e administradores - e um grupo de investidores - Stan Desenvolvimento Imobiliário, Illan Participações, RFM Construtora, Partage, ligada ao grupo Aché, e dois fundos de private equity. Além de moradia e atendimento médico, o local oferecia oficinas culturais, atividades físicas e recreativas. "Faltou gestão administrativa. Faltou utilizar melhor os recursos", afirma Ivan Zurita, presidente da Nestlé do Brasil, cuja sogra foi uma das primeiras a se mudar para o centro. "Ele era subutilizado: várias medidas poderiam salvar o negócio. Também poderiam vender para alguém que continuasse o trabalho." O empresário Carlos Paiva já levou sua mãe, Marily, para outro centro, mas lamentou a mudança. "Nenhum lugar no Brasil oferece o mesmo serviço do Hiléa", afirma. "Vimos verdadeiros milagres, especialmente em pessoas com Alzheimer." A atual administração afirma que não foi estipulado um prazo para a transferência dos idosos. Também diz que "está tomando todas as providências para garantir que a operação tenha o menor impacto possível na vida dos residentes, familiares e funcionários" e se compromete a "oferecer acompanhamento posterior de seus profissionais para que o processo de adaptação dos pacientes em outras instituições ocorra com tranquilidade". O Clube Hiléa - que promovia cursos e atividades para idosos que não residiam no centro - já foi fechado. Os proprietários argumentam que nunca houve muita procura. O anúncio de que o Hiléa seria fechado foi feito na primeira quinzena de abril. Segundo familiares, um mês depois, ficou combinado um aumento de 65%, em média, nas mensalidades, para manter o centro em funcionamento. O Hiléa nega a ocorrência do reajuste. Algumas pessoas procuraram outras instituições. Em junho, a administração teria anunciado, de forma definitiva, que o Hiléa seria vendido. O centro remanejou os idosos para dois andares - um apenas para pacientes com demência. Um grupo criado pelas famílias dos idosos ainda tenta evitar a venda. Afirmam que o principal comprador seria o governo do Estado, que transformaria o prédio em um centro de referência da Rede de Reabilitação Lucy Montoro para atender pessoas com deficiência. O Hiléa não confirma a informação. A Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência informa que pretende construir mais uma unidade do instituto na cidade, mas afirma que há mais de um local em análise e a decisão não foi anunciada.

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