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Brasil contribui com software

Cerca de 30 cientistas brasileiros trabalham no projeto

Por Jamil Chade
Atualização:

O maior projeto da história conta com programas, peças e técnicos brasileiros, mas nenhum investimento do governo. Uma das contribuições do País é um software que vai ajudar a selecionar os dados que serão gerados pelos choques entre prótons. Além disso, placas sensoriais foram construídas pelo Laboratório de Processamento de Sinais do Rio de Janeiro. "São contribuições pequenas, mas importantes", disse André Rabello, um dos cerca de 30 brasileiros que participam do experimento. Segundo Lyn Evans, chefe do projeto, a relação com o Brasil nos anos 90 era "muito distante". Para o atual diretor do Cern, Robert Aymar, houve uma "mudança qualitativa" na relação com o País desde 2005. Há três anos, a União Européia financia a ida de cientistas brasileiros ao Cern. A entidade confirma que considera convidar o Brasil para ser membro associado, mas alerta que o País terá de pagar uma contribuição. "Queremos mais brasileiros aqui e esperamos manter essa colaboração diretamente com o governo", afirmou Aymar. "A América Latina não pode ter apenas os Estados Unidos como foco em termos de ciência." Criado após a 2ª Guerra, o Cern acabou se tornando um dos poucos locais de colaboração entre Europa do Leste e Ocidental por décadas. Hoje, cerca de 80 países participam do LHC. Mas o sucesso do projeto esconde anos de briga política. As primeiras idéias para a construção do acelerador surgiram em 1978. Em 1984, o projeto ganhou corpo, mas, sem recursos, os cientistas tiveram de esperar. Na década de 90, a idéia voltou a dominar a organização, mas os alemães se queixavam de que tinham muitos custos com a unificação. Já os americanos ameaçavam criar seu próprio acelerador. "O mais difícil foi convencer os países a pagar sua parte", disse Chris Smith, que nos anos 90 liderou o Cern e foi responsável por captar recursos. Ele só convenceu os europeus quando disse que o projeto seria mundial e que outros também pagariam a conta. Americanos e japoneses aceitaram depois que o projeto dos EUA fracassou. Ontem, cientistas diziam que a iniciativa era resultado de colaboração internacional. Mas, para alguns europeus, era a volta do continente à liderança da ciência no mundo, posição cada vez mais ameaçada.

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