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Brasil apóia australiano em troca de cargo na OMPI

Por Jamil Chade
Atualização:

Uma barganha. Foi o que ajudou a convencer o governo brasileiro a desistir de questionar a eleição do novo diretor da entidade que regula as leis de patentes no mundo. Diplomatas brasileiros confirmaram ao Estado que o novo diretor da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), Francis Gurry, acenou com a possibilidade de oferecer ao candidato brasileiro derrotado nas eleições um cargo relevante. "Vou retribuir o ato de boa-fé do Brasil", afirmou Gurry. O capítulo mais recente da disputa entre o País e economias desenvolvidas em torno do delicado tema das patentes ocorreu justamente na eleição do diretor da OMPI. Gurry, alinhado aos países ricos, ganhou a eleição por um voto de diferença em relação ao brasileiro José Graça Aranha. O Itamaraty passou a questionar a eleição e chegou a convocar reuniões com outros países a fim de avaliar se havia espaço para uma reviravolta. Sem apoio - nem mesmo da América Latina -, desistiu e passou a negociar. "A indicação que recebemos foi de que nossos interesses seriam analisados", disse um diplomata. Em troca, o Brasil fez questão de anunciar ontem que apoiava Gurry em seu novo cargo. Ontem mesmo, o australiano confirmou que a iniciativa brasileira será "retribuída". "O apoio do Brasil foi o primeiro passo para que a confiança seja restabelecida. Agora sou eu quem vou mostrar minha parte", disse. Mas a nomeação do brasileiro para um cargo relevante pode não ser o fim dos problemas. O Brasil alertou ontem que Gurry terá uma longa lista de "deveres de casa" a cumprir se quiser manter o apoio dos emergentes. Um deles seria o de garantir que a entidade seja o fórum exclusivo sobre patentes. Portanto, a proliferação de cláusulas de direito intelectual em acordos comerciais teria de ser freada.

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