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Aspirador suga coágulos de vítimas de enfarte

Dispositivo evita que outras veias sejam bloqueadas e pode reduzir pela metade a taxa de mortalidade

Por Los Angeles Times
Atualização:

Uma espécie de aspirador que suga coágulos de sangue das artérias do coração de vítimas de enfarte reduz a taxa de morte quase pela metade, mostrou pesquisa divulgada ontem. O dispositivo impede que fragmentos do coágulo se quebrem e entrem na corrente sanguínea, bloqueando outras veias. Com base nos resultados preliminares desse e de outros estudos, cirurgiões de importantes centros têm usado a técnica e obtido bons resultados. Isso "estimulará outros médicos a usar" o dispositivo, comentou Ravi Dave, cardiologista da equipe da Universidade da Califórnia e do Hospital Ortopédico da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos, que utiliza a técnica há um ano e meio. Vários estudos menores já haviam avaliado maneiras de fragmentar e retirar coágulos. Com o aspirador desenvolvido pela empresa Medtronics, de Minneapolis, o cirurgião introduz um fio de aço muito fino no corpo do paciente até o coágulo, por meio de uma incisão na virilha. Esse é também o primeiro passo da angioplastia, na qual se insere um balão que, inflado, comprime o coágulo. Entretanto, antes de inserir o balão, o cirurgião introduz um tubo muito fino e, por meio de uma seringa, procura sugar o conteúdo do coágulo. No novo estudo, Felix Zijlstra e seus colegas do Centro Médico Universitário de Groningen, na Holanda, estudaram 1.071 vítimas de enfarte submetidas à angioplastia convencional ou à retirada de coágulos - operação chamada tecnicamente aspiração de trombos - seguida por angioplastia. A maioria dos pacientes também recebeu um stent para manter a artéria aberta. Em fevereiro, a equipe divulgou no New England Journal of Medicine que os pacientes submetidos à aspiração apresentavam um fluxo sanguíneo maior depois da cirurgia, característica associada ao aumento da sobrevida. Pesquisadores apontaram para uma tendência à redução da mortalidade no primeiro mês após a cirurgia - 2% nos pacientes que se submeteram à aspiração em comparação a 4% nos que se submeteram apenas à angioplastia. Nos primeiros 12 meses depois da intervenção, 19 dos 535 pacientes (3,6%) que se submeteram à aspiração morreram, em comparação com 36 dos 536 (6,7%) que só fizeram a angioplastia, disse a equipe na revista médica Lancet. Cerca de 5,6% dos pacientes do grupo submetido à aspiração morreram ou sofreram um segundo enfarte no primeiro ano, em comparação com 9,9% dos submetidos apenas à angioplastia. A análise do subgrupo de pacientes sugere que a técnica é mais eficiente para os coágulos maiores, com mais risco de se fragmentar. A técnica também pode ser útil em pacientes que não fizeram a angioplastia no prazo recomendado de 90 minutos após os sintomas iniciais. Quanto maior a demora, mais tempo o coágulo tem para crescer. O estudo foi parcialmente financiado pela Medtronic. Os autores destacaram que não houve conflitos de interesses.

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