Após 18 anos, mulher contou ontem ao ex-marido que teria sofrido abuso

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Por Redação
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A psicóloga L., de 45 anos, contou somente ontem ao ex-marido ter sido vítima do médico Roger Abdelmassih, 18 anos depois de o fato ter ocorrido, de acordo com seu relato. A reportagem presenciou a expressão de tristeza no rosto do ex-companheiro no momento em que L. revelou a ele a suposta investida de Abdelmassih. Ele é um policial experiente e conversava com o Estado justamente sobre as investigações contra o médico. Pouco antes da revelação, contava que a ex-mulher tinha sido paciente do profissional. "Gastamos um carro popular na clínica." Segundo o policial, no entanto, a fertilização fracassou e depois o casal descobriu, com o auxílio de um outro profissional, que L. na realidade necessitava de cirurgia para corrigir alteração estrutural do útero - e que procedimentos de fertilização jamais adiantariam. O policial telefonou para L. na frente da reportagem para contar sobre as acusações contra Abdelmassih e balbuciou surpreso: "Você nunca me disse isso, você nunca me disse isso", repetia entristecido e com lágrimas nos olhos. Em seguida, pediu que a reportagem falasse com L. Na entrevista, ela relatou que Abdelmassih tentou beijá-la e abraçá-la no momento em que se preparava para o procedimento de fertilização em sua clínica. "No momento da fertilização, um momento de extrema fragilidade, ele simplesmente disse ?agora vamos dar um abraço e um beijo? e se aproximou. Respondi ?por que tenho de dar?? e o empurrei. Estávamos sozinhos na sala. A partir daí ele foi ríspido, e o procedimento doeu muito. E ele ainda dizia ?você não aguenta nada?." L. disse ter decidido não contar a ninguém sobre o que ocorreu pelo constrangimento. "Você está lá, fragilizada, e nas mãos dele." "Ela não me contou porque sabe que eu pularia em cima dele", disse o policial. "Ele se coloca como um Deus", diz o marido de uma outra vítima. "Ele faz questão de dizer que se relaciona com celebridades e pessoas poderosas." O abuso sexual, segundo ele, ocorreu quando sua mulher acordava da anestesia. "Minha mulher estava absolutamente fragilizada. Na hora, pensei em voltar na clínica e cometer uma loucura", conta. "Só desisti depois de um apelo dela." Mônica (nome fictício), que decidiu levar o caso às autoridades, conta ter desenvolvido um quadro de depressão que a impediu de trabalhar e de se relacionar com seu marido. O primeiro sentimento foi a vergonha. "Pensava se teria dado alguma abertura para ele." Em 2008 Mônica recorreu à terapia de casal para tentar retomar uma vida normal com seu marido, mas apenas quando foi convocada para depor contou a ele. "Ele não entendia por que eu não queria voltar mais à clínica depois de tantos gastos."

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