Anúncio de pandemia volta à pauta

Diante da proliferação de casos, mas com medo de provocar pânico, OMS consulta hoje governos sobre anúncio

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Por Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

Mais de 40 dias após o início dos primeiros registros de gripe suína, a cúpula da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que uma pandemia - epidemia global - da influenza A(H1N1) é "aparentemente realidade". A doença está espalhada por 73 países, com 25,3 mil casos confirmados, dos quais 139 fatais. Hoje a direção da OMS, braço de saúde pública das Nações Unidas, vai consultar governos para ponderar a conveniência do anúncio. Como em ocasiões anteriores, a entidade hesita, por temer que o simples comunicado cause pânico. A entidade não disfarça seu receio de que a declaração leve milhares de pessoas aos serviços de saúde, sobrecarregando redes de atendimento com pessoas que não precisariam de apoio médico. Teme-se, ainda, que países adotem medidas exageradas, como o bloqueio de viagens internacionais ou o estabelecimento de barreiras comerciais. Isso porque, ainda que OMS declare pandemia, não tem poder para determinar o que cada governo deve fazer. Trata-se de um aviso sobre o status da enfermidade. Em tese, abre caminho para controles mais restritivos, mas esses mecanismos nunca foram de fato explicitados pela entidade. "Superficialmente, acredito que já estamos em uma pandemia", afirmou Margaret Chan, diretora da OMS. Mas ela logo emenda: "A decisão é de alta responsabilidade. Preciso estar convencida de que temos evidências inquestionáveis. Tendo essas evidências, farei o anúncio." GRAVIDADE NÃO MEDIDA A declaração de pandemia não implica que o vírus está mais potente. É indicação técnica de que há disseminação sustentada. A OMS já esteve prestes a declarar pandemia há um mês. Mas foi convencida por governos de que a baixa severidade do vírus H1N1 não justificaria a elevação do nível de alerta de 5 para 6, grau máximo na escala de advertência epidemiológica elaborada há três anos, na esteira da ameaça da gripe aviária. O lobby conseguiu adiar até agora a declaração. Conseguiu também desmoralizar a OMS, imobilizada por pressões alheias às razões de saúde pública. NO BRASIL O Ministério da Saúde confirmou ontem mais dois casos de gripe suína no País, somando 40 ocorrências. OS ALERTAS DA OMS Nível 1: Quando a OMS atribui esse grau a uma doença, está afirmando que o vírus causador só circula entre animais Nível 2: A OMS confirma casos de passagem do vírus de animais para humanos. Foi o grau adotado para qualificar o surto de gripe aviária Nível 3: Embora haja pouca evidência de transmissão entre pessoas, quando a OMS adota este grau, já está sinalizando que existe risco de pandemia Nível 4: Existe transmissão entre humanos e também exportação de casos Nível 5: Disseminação em no mínimo 2 países da mesma região epidemiológica da OMS (a entidade divide o mundo em 6 grandes áreas). Há casos locais, não só importados Nível 6: Quando a OMS detecta transmissão continuada (disseminação sustentada no tempo) em duas ou mais de suas regiões, há uma pandemia

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