Amazônia possui formiga com traços pré-históricos

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Por Alexandre Gonçalves
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A Amazônia brasileira abriga a espécie de formiga que guarda mais semelhanças com as formigas pré-históricas que viveram há 100 milhões de anos. O cientista alemão Christian Rabeling guardava seus instrumentos de pesquisa na mochila quando viu o inseto amarelo-claro, de 3 mm, caminhando no solo da mata. A descoberta ocorreu em maio de 2003. Depois de exames morfológicos, os pesquisadores arrancaram três patas do animal para realizar testes genéticos. Os resultados foram publicados ontem na versão digital da revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). A nova formiga foi batizada com o nome científico de Martialis heureka. Cego e com grandes mandíbulas, o animal coletado é, por enquanto, o único representante da espécie e ficará guardado no Museu de Zoologia da USP. Em 1999, o orientador de mestrado de Rabeling, Manfred Verhaagh, já havia recolhido dois exemplares da nova espécie na floresta amazônica. Trouxe-os para São Paulo para mostrá-los ao pesquisador Carlos Roberto Brandão, do Museu de Zoologia da USP. Mas o vidro de álcool onde as formigas estavam guardadas abriu durante o vôo. O líquido vazou, os pequenos insetos secaram e se desfizeram quando os dois cientistas tentaram manipulá-los. SENSO DE HUMOR O nome da espécie (heureka, "eu encontrei", em grego) foi inspirado nas coincidências que marcaram sua redescoberta em 2003. O nome do gênero (Martialis) significa textualmente "marciana". Quando Rabeling mostrou fotos da formiga para o responsável pelo Museu de Zoologia Comparativa de Harvard, Stefan Cover, ele não soube como classificá-la. O fato rendeu uma brincadeira do entomologista Edward Wilson: "Se Cover não conseguiu identificá-la, deve ser de Marte!"

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