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Alunos propõem ''greve da greve''

Enquete feita pela internet com estudantes da USP mostra que 80% são contra a paralisação, que dura 45 dias

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Por Renata Cafardo
Atualização:

Depois de 45 dias de paralisação dos funcionários e do confronto com a Polícia Militar no câmpus, cresce na Universidade de São Paulo (USP) um movimento de alunos contrários à greve defendida por uma parcela de seus colegas, por parte dos professores e pelos servidores.     Veja também: Nove unidades divulgam novo manifesto Passeata com USP, Unesp e Unicamp na Av. Paulista deve complicar trânsito     Notícias e fotografias da USP   Enquanto os grevistas fazem assembleias e protestos, esse grupo usa a internet. "Queremos mostrar o que pensam os alunos da USP de verdade, não isso que está na mídia. Nós não estamos sendo representados", diz Kiko Morente, aluno do 4º ano da Escola de Comunicações e Artes (ECA). Ele é um dos que passaram a enviar e-mails, desde ontem, chamando para uma manifestação programada para amanhã, às 12 horas. O convite para o protesto diz: "Você está em greve? Nem eu. Então é greve da greve." A ideia, explica Morente, é fazer um flash mob - um protesto rápido, de alguns minutos, combinado pela internet, em que as pessoas se reúnem e tentam não atrapalhar a vida de quem está por perto. O grupo pretende ocupar a sede do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), que iniciou a greve, e fazer um piquenique. "É uma referência ao fechamento dos bandejões, com o que não concordamos", conta Antonio Rodrigues Neto, de 25 anos, que se formou no ano passado na ECA e também organiza o protesto. Segundo ele, o ato, "para ter mais impacto", vai durar no máximo uma hora. Não é então um flash mob?, questiona a reportagem. "Ah, perto do que foi a ocupação da reitoria em 2007, vai ser bem flash", brincou Neto, numa referência aos 50 dias de ocupação. Com a divulgação por Orkut e e-mails, em cinco dias, 5 mil alunos votaram numa pesquisa online criada por um estudante da USP Leste. O resultado até ontem: 79,79% são contra a greve. Nas assembleias que aprovaram a entrada dos estudantes no movimento, cerca de 300 participaram. A universidade tem aproximadamente 80 mil alunos. Anderson Valtriani Siqueira, de 24 anos, aluno do curso de Sistemas de Informação, conta que a pesquisa começou como brincadeira. "Coloquei no ar e, em duas horas, 200 pessoas já tinham votado. Percebi que tinha de levar a sério." O estudante então passou a exigir o número USP dos votantes, que é a matrícula na instituição, e o e-mail também da universidade. Cada estudante tem direito a um endereço eletrônico da USP. Agora, passa a madrugada contando votos e fazendo gráficos comparativos. "Ontem fui dormir às 6 horas. Checo cada número USP e e-mail." Os resultados mostram que 54% dos que votaram são favoráveis à ação da PM no câmpus, 38% contra e 7% indiferentes. Alunos da Escola Politécnica (22%) e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (13%) são os que mais votam. Para hoje, está prevista uma manifestação na Avenida Paulista dos favoráveis à greve.

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