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Álcool: quem paga é a família

Problema da dependência, que está na novela das oito, cresce a cada ano no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Um pai alcoólatra, o primeiro marido - pai de seu filho - alcoólatra e depois um namorado também alcoólatra . Sandra Santos, advogada, confessa que sofreu muito, desde pequena, e herdou muitos traumas porque seu pai bebia demais. Não bastasse crescer nessas condições, ainda viu o marido se revelar alcoólatra somente após o casamento. O drama vivido pela advogada ilustra o resultado de uma pesquisa encomendada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), que constatou um aumento do consumo de bebidas alcoólicas no País entre 2001 e 2005. Segundo o estudo, 12,3% dos brasileiros com idades entre 12 e 65 anos se declararam dependentes de bebidas alcoólicas. O índice está 1,1 ponto percentual acima dos 11,2% de brasileiros, da mesma faixa etária, que assumiram o vício em 2001. Além disso, 74,5% dos entrevistados disseram já ter experimentado álcool pelo menos uma vez na vida. O mais preocupante, segundo os médicos, é a indicação do acesso de crianças e adolescentes entre 12 e 17 anos às bebidas. O levantamento informa que 54% de adolescentes desta faixa etária já fizeram uso de cachaça, vodca, vinho e cerveja. A gravidade do problema faz dele assunto recorrente nas novelas. Em ?Páginas da Vida?, da Rede Globo, a atriz Marjorie Estiano vive um drama parecido com o de Sandra: tem um pai alcoólatra, representado por Eduardo Lago. ?Como filha, eu tive muita dificuldade em aceitar que o alcoolismo era uma doença?, confessa Sandra, que muitas vezes implorava para que o pai voltasse sóbrio para casa. ?Mas ele sempre rejeitava o apelo.? A advogada chegou a freqüentar os Alcoólicos Anônimos para entender o problema do pai e lamenta que ele não tenha conseguido se conscientizar de que é doente. ?Perdeu tudo o que tinha e separou-se da minha mãe.? Hoje, faz tratamento para curar um câncer de boca, mas continua bebendo. Hoje, o ex-marido de Sandra, por apego à religião, também não consome mais álcool. ?Isso melhorou muito a relação com o filho. Quando bebia, ficou mais de um ano sem visitá-lo.? O mais recente caso de alcoolismo acompanhado por Sandra é de um ex-namorado. Ela acompanhou a internação de 30 dias, iniciada após um coma. ?Foi o momento em que consegui me tratar também. Descobri que sou codependente e precisava de ajuda.?

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