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Ainda não há surto no País, explicam infectologistas

Por Fabiane Leite , Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

A Sociedade Brasileira de Infectologia enfatizou ontem que a confirmação de um caso de gripe suína adquirido no Brasil não significa que já exista um surto da doença no País. "Um surto é quando você tem um mínimo de 25 casos", disse a infectologista Nancy Bellei, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e representante do comitê técnico de influenza da entidade. Antes mesmo de o ministério confirmar a transmissão no País, especialistas reunidos em São Paulo já esperavam, na manhã de ontem, a circulação do vírus, mas enfatizavam que isso não significaria motivo para pânico, uma vez que as evidências até o momento são de que, na maioria dos casos, a doença se manifesta de forma leve a intermediária. O presidente da entidade, Juvêncio Furtado, declarou à noite que a situação ainda não justificaria a mudança do critério para caso suspeito - que hoje leva em conta viagens internacionais feitas a países com casos registrados. Para isso, teria de haver a confirmação de surto. Furtado, no entanto, considerou que o fato de o rapaz que contaminou uma pessoa no Rio ter sido dispensado no primeiro hospital por onde passou é prova de que ainda é preciso aumentar o nível de informação de todos os serviços e profissionais de saúde. A Associação Médica Brasileira anunciou que enviará aos 400 mil médicos brasileiros material informativo, via Correios. Ainda de acordo com os especialistas reunidos ontem, o Sul e o Sudeste brasileiros, principalmente, oferecem condições adequadas para a dispersão do vírus no próximo inverno: frio e tempo seco. Nancy destacou, no entanto, que a circulação comum de diferentes vírus respiratórios nessa época leva a uma "concorrência" entre os micro-organismos e pode gerar diminuição das chances de as pessoas serem contaminadas pelo A(H1N1). Celso Granato, infectologista da Unifesp, enfatiza ainda que não há necessidade para medidas extremas de precaução por parte das pessoas - como usar máscaras ou não sair às ruas. A preocupação maior deve ser com idosos e crianças abaixo de 2 anos, que são os grupos mais vulneráveis "Controlar a proliferação do vírus é agora muito difícil. No início da doença, as pessoas podem não mostrar os sintomas, ter febre muito baixa e ainda assim estar infectadas e ter a capacidade de infectar outros", disse Sylvie Briand, coordenadora da área de gripe da Organização Mundial da Saúde (OMS), antes mesmo da confirmação das transmissões no País. A entidade considera que a estratégia mais importante hoje seria mitigar o impacto da doença. "O que países tentam agora é reduzir a proliferação do vírus. Isso pode ajudar no controle de alguns casos e permitir mais atenção aos mais severos". COLABOROU HERTON ESCOBAR

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