Adesão para recuperar mata é baixa

SP quer recomposição de beiras de rios em 25 anos, mas só 14% da área já está comprometida com a meta

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Por Cristina Amorim
Atualização:

De 1,7 milhão de hectares de mata ciliar passíveis de recuperação no Estado de São Paulo em 25 anos, somente 240 mil, ou 14%, estão por enquanto comprometidos com o objetivo, após um ano de lançamento do projeto pela Secretaria do Meio Ambiente. A área foi cadastrada pelos proprietários rurais e equivale ao terreno urbanizado na Região Metropolitana de São Paulo, que tem 220.900 ha. Veja os números das autorizações para desmatamento no Estado Do total registrado até o momento, a maior contribuição vem dos canavieiros: 140 mil ha, ou 36% da área de mata ciliar que precisa ser recuperada pelo setor. As propriedades rurais de grande porte, a partir de 2 mil ha, representam a segunda maior área: 57 mil ha registrados. Porém, como elas têm um passivo de 925 mil ha, o que foi declarado até agora é só 6% do que devem recompor. Quem se cadastrou no projeto se compromete a buscar a recomposição dessa vegetação. A intenção será auditada por técnicos da secretaria. "A segunda visita é da Polícia Ambiental", diz o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano. Os dados do projeto foram divulgados ontem, na sede da secretaria, na capital. Mata ciliar é aquela que ocorre nas margens de rios e nascentes, essencial para a saúde dos recursos hídricos. Por lei, ela é uma área de proteção permanente e deveria ser preservada. Contudo, virtualmente não há mais mata ciliar preservada no Estado, com poucas exceções. Se elas fossem recompostas, pelo menos 20% do Estado seria coberto de verde. "É um processo de conscientização", diz Graziano. Segundo ele, a participação registrada até o momento está acima do que esperava - mas o número precisa crescer, admite. "Se a procura fosse maior, o sistema nem sequer teria capacidade de receber (a demanda)", diz. Graziano também afirma que faltam incentivos para a inclusão de todas as propriedades rurais no projeto de recuperação das matas ciliares no Estado. "Esse é o salto que falta. Não acredito em crédito de carbono, mas precisamos buscar formas de compensação." O secretário acredita que, em 2010, a área comprometida para a recuperação da vegetação ciliar pelo menos dobre, com a inclusão de propriedades rurais entre 1 mil e 2 mil ha, de fornecedores de cana - até agora, entraram apenas os usineiros - e de produtores de outras culturas, como cítricos e soja. CORTE A secretaria também divulgou dados sobre o desmatamento no Estado. No primeiro semestre deste ano, foram suprimidos 952 ha de vegetação, a maior parte autorizada para obras de infra-estrutura (29%) e atividades agropecuárias (28%). A maior parte (62%) é de capoeira, vegetação em processo inicial de regeneração, com baixa diversidade de espécies. Em todo o ano de 2007, a secretaria autorizou o corte de 5.290 ha. "Hoje, no Estado, para cada hectare de vegetação suprimida, recuperamos 250 hectares", diz o secretário. Para Marcia Hirota, da ONG SOS Mata Atlântica, os dados são coerentes com o projeto desmatamento (ilegal) zero do Estado, mas falta qualificação dos dados. "Enquanto não houver o georreferenciamento, não saberemos onde acontece a supressão e onde está a maior pressão, se é em floresta ou não."

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