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A planta da vez

Com ação adstringente e antioxidante, o chá verde caiu no gosto do brasileiro na forma de bebida e cosméticos

Por Vera Fiori
Atualização:

Usados de maneira adequada, os fitoterápicos apresentam excelentes efeitos terapêuticos. Porém, é bom lembrar que a automedicação e o uso indiscriminado e prolongado de plantas medicinais podem causar reações tóxicas ou alérgicas, a exemplo do confrei, coqueluche natureba da década de 80. Hoje a planta da vez é o milenar chá verde (camellia sinensis) ou banchá. De acordo com o nutrólogo Edson Credidio, doutorando em Ciências de Alimentos pela Universidade de Campinas (Unicamp), vários são os benefícios da bebida para a saúde e estética: - O chá verde tem ação na prevenção do câncer, diminui o colesterol, melhora o funcionamento do fígado, tem ação protetora nos pulmões e neurônios, evita as bactérias que causam a cárie e retarda o envelhecimento. Pesquisadores acreditam, ainda, que o hábito de beber chá em vez de café é um dos fatores responsáveis pelo menor índice de enfarte em países do Oriente. Ele explica que, além de conter manganês, potássio, ácido fólico e as vitaminas C, K, B1 e B2, cálcio e cafeína, a erva tem boa dose de tanino, o que ajuda a prevenir doenças cardíacas e circulatórias. Credidio cita uma pesquisa da Universidade de Tohoku, no Japão, publicada recentemente no The Journal of the American Medical Association (Jama), que mostra a eficácia da planta na prevenção de doenças do coração. - Seus compostos reforçam as artérias, diminuem as taxas de colesterol ruim e bloqueiam o acúmulo de gordura na parede dos vasos sanguíneos. O consumo habitual também previne inflamações na gengiva e até tumores malignos de boca e mama. Substâncias como as catequinas e os bioflavonóides são capazes de impedir alterações no DNA das células, o primeiro passo para o desenvolvimento de um câncer. O farmacologista, pesquisador de plantas medicinais e doutorando em Ciências de Alimentos pela Unicamp, João Ernesto de Carvalho - que é ligado ao Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da mesma universidade - é cauteloso quanto aos efeitos terapêuticos do chá verde. Observa que, apesar dos benefícios da planta (rica em polifenóis e catequinas, que combatem os radicais livres causadores de doenças crônico degenerativas), a sua absorção pelo organismo é pequena, restringindo-se ao sistema digestivo, não a todo o organismo. Sendo assim deve ser pensando como um coadjuvante de tratamentos. Uma dúvida: por ser natural, pode ser tomado à vontade? Não é bem assim, explica Carvalho. "A planta tem tanino que, uma vez consumido em grandes quantidades, pode diminuir a absorção de ferro pelo organismo." Ainda, as pessoas não habituadas à bebida, no início, podem ter prisão de ventre, mas depois a situação se normaliza. Com ação adstringente, é indicado para casos de diarréia. Ele lembra ainda que, por causa das propriedades estimulantes do chá, o seu consumo deve ser moderado por quem tem propensão a insônia ou arritmia cardíaca. O benefício da proteção cardiovascular é atribuído a uma substância chamada catequina, do grupo dos polifenóis, encontrada tanto no chá preto como no verde. "Os dois vêm da mesma planta, a camellia sinensis. A diferença é que o verde conserva maiores quantidades dessa substância. " Uma alternativa para quem não aprecia o sabor amargo da bebida são as cápsulas de chá verde. Mas, na dúvida, é melhor consultar um médico. O farmacologista lembra o caso de um concentrado fitoterápico para emagrecimento, chamado Exolise, que teve a venda suspensa na França e na Espanha porque causava intoxicação hepática. COSMÉTICA O nutrólogo Edson Credidio também aponta os princípios curativos e regeneradores da camellia sinensis para a pele, cabelos e no combate à celulite e gordura localizada. "Por ser rica em tanino, substância com propriedades anti-séptica e adstringente, a planta é indicada para limpar e equilibrar peles oleosas." Para revigorar a pele, a esteticista Ana Flor Picolo, da Visage Dermatologia, Estética e Bem-Estar, recomenda o ofurô de chá verde. Segundo ela, associado a tratamentos estéticos corporais, esse tipo de ofurô feito com a erva, sal medicinal e óleos essenciais, tem ação desintoxicante e queima gordura. Entre os cosméticos que levam o chá verde em sua composição, a L?Occitane assina a linha Thé Vert. A marca brasileira Emily Cochrane tem o lenço umedecido em água termal, cosmético que age como tônico e hidratante; leite de limpeza e a água termal, indicado para todos os tipos de peles, que atenua as marcas de expressão. PARA BEBER Para quem não aprecia o gosto amargo do chá, existem bebidas prontas à base de chá verde, como as da WOW, mesmo fabricante dos sucos Sufresh. Segundo Viviane Farinelli, coordenadora de marketing, a bebida é dirigida às classes A e B, especialmente às mulheres, mais preocupadas com o emagrecimento. "O produto não contém conservantes preservando seus benefícios. A bebida (à venda em latinhas e embalagens longa vida) é disponível nas versões tradicional, com soja ou no sabor laranja e gengibre.

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