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Um drink por dia pode não ser bom para todo mundo

Pesquisadores ingleses reavaliaram os benefícios do álcool à saúde e concluíram que, se existe algum, ele vale apenas para mulheres com mais de 65 anos

Por Anna Paula Buchalla
Atualização:
Pesquisas recentes mostramque pessoas que bebem moderadamente estão mais protegidas contra doenças cardiovasculares Foto: Jared Browarnik/Creative Commons

Você certamente já ouviu de alguém, ou do seu próprio médico, que uma dose de bebida alcoólica por dia faz bem à saúde. Agora, com base em um novo estudo, pesquisadores ingleses alertam que os benefícios de um drink diário podem ter sido superestimados. Apenas um grupo se beneficiaria dele: mulheres com mais de 65 anos. Somente nelas foi observado um efeito positivo do álcool e, ainda assim, os ganhos à saúde foram mínimos. As pesquisas recentes têm mostrado que pessoas que bebem moderadamente estão mais protegidas contra doenças cardiovasculares do que aquelas que não consomem álcool. Beber muito, evidentemente, tem o efeito inverso. “O consumo exagerado de álcool está associado a mais de 200 condições médicas agudas e crônicas”, escreveu o principal autor do estudo conduzido pelo departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College London, na Inglaterra, Craig S. Knott.

O levantamento reavaliou estudos recentes que mostram que beber moderadamente é melhor do que não ingerir nada de álcool. Para isso, eles revisaram o comportamento de mais de 50 mil adultos, divididos em dois grupos, de acordo com a quantidade de bebida que ingeriam ou não semanalmente. Segundo os pesquisadores ingleses, os estudos anteriores não levaram em conta fatores que podem afetar a saúde. Por exemplo, eles acreditam que pessoas que bebiam muito e abandonaram este hábito foram caracterizadas como não bebedoras. E isso faz toda a diferença. “O que ficou claro é que pessoas que bebiam muito no passado e por qualquer razão deixaram de fazê-lo tendem a ser menos saudáveis e mais predispostas a morrer a mais cedo”, disse o autor da pesquisa, Craig S. Knott. E o grupo dos não bebedores não comprovou valer a pena incluir uma dose por dia da bebida em suas vidas. Num editorial sobre este estudo, o professor Mike Daube, especialista em saúde pública da Curtin University, de Perth, na Austrália, escreveu: “os institutos do coração de todo o mundo agora enfatizam que ninguém deveria ser encorajado a beber pelo bem de sua saúde”. E mais: “se há algo que é muito bom para ser verdade, melhor ser tratado com muita precaução”.

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