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Os prós e os contras da gravidez tardia

É muito difícil prever quem será mais ou menos afetado pelo impacto da idade

Por Pedro Monteleone
Atualização:

Nos últimos 50 anos, tornou-se comum a mulher postergar o desejo de engravidar, devido ao aumento do número de mulheres no mercado de trabalho e com uma mudança de mentalidade, motivados, muitas vezes pela ascensão ou pela competitividade do ambiente profissional. Inúmeros avanços da medicina foram voltados a esta alteração de costumes, porém a questão reprodutiva envolve fenômenos biológicos, já elucidados e incontroláveis.

Mudanças nos hábitos de vida têm contribuído de forma positiva para anular, parcialmente, o impacto do tempo Foto: TipsTimesAdmin

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A mulher nasce com toda população de folículos primordiais nos ovários. Os folículos são estruturas complexas formadas por várias células e uma delas é o óvulo. A cada ciclo menstrual, alguns folículos são recrutados e um deles se desenvolve e cresce, até a rotura, que é o fenômeno da ovulação. Isso acontece todos os meses da vida fértil. Ou seja, quanto uma mulher de 40 anos ovula, está ovulando uma célula também de 40 anos. O impacto da idade na capacidade reprodutiva é marcante, tanto por fenômenos fisiológicos como pelo acúmulo de fatores adquiridos, como inflamações, infecções, endométrio, entre outros. Em seu report anual, a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva aponta a queda das taxas de sucesso dos tratamentos contra a infertilidade de acordo com a idade da mulher. Este declínio da função reprodutiva se inicia aos 35 anos, mas fica patente e perigoso em relação ao futuro reprodutivo após os 40 anos. Por exemplo, a chance de uma mulher conceber um filho até os 35 anos em ciclo de fertilização in vidro é superior a 40%. Já aos 40 anos, passa a ser de menos de 30%. É verdade que as mudanças nos hábitos de vida, com uma alimentação mais balanceada, atividades físicas regulares e com o combate ao fumo e estresse, têm contribuído de forma positiva para anular, parcialmente, o impacto do tempo. Porém, é muito difícil prever quem será mais ou menos afetado, pois a qualidade dos óvulos e dos embriões formados é variável e pode ser determinada somente durante os tratamentos de reprodução assistida. A alternativa atual no combate a essa queda da fertilidade pela idade é o congelamento dos óvulos em uma idade mais fértil, uma técnica simples e eficiente. O ponto negativo nesta opção é o fato de que a mulher já passou da sua fase de bom prognóstico reprodutivo para realização de um novo tratamento depois de congelar os óvulos, quando eles forem utilizados e, por acaso, a gravidez não for alcançada normalmente. Por essa razão, sempre aconselhamos alguns ciclos de congelamento, até que um número adequado e mais seguro de óvulos seja crio-preservado.

* Dr. Pedro Monteleone é coordenador técnico do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas de São Paulo e diretor da Clínica Monteleone

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