A atriz Leandra Leal postou nesta terça-feira, 4, uma foto no Twitter em que aparecem várias atrizes da Globo, vestidas com camisetas com a inscrição “Mexeu com uma, mexeu com todas”, e diz que estão vivendo a “Primavera das Mulheres”. A frase, símbolo da luta contra o assédio sexual e a violência contra a mulher, ganhou uma nova direção depois que o ator José Mayer foi acusado de assédio por uma figurinista da emissora.
A Globo confirmou que o ator está afastado das produções “por tempo indeterminado”. Por meio de sua assessoria, José Mayer divulgou uma carta na qual assume ter tido um comportamento inadequado.
Mas o termo Primavera das Mulheres não é tão recente assim. Pelo menos nos últimos três anos, mulheres de todas as idades têm se unido contra casos de violência, tanto nas redes sociais como nas ruas.
Em 2014, a hashtag #EuNãoMereçoSerEstuprada, idealizada pela jornalista Nana Queiroz, ultrapassou as fronteiras do Brasil. Foram mais de 200 mil fotos postadas citando a campanha. A campanha foi uma resposta à pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) “Tolerância social à violência contra as mulheres”, que dizia que 65% dos brasileiros concordavam com a afirmação “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Em seguida, porém, a pesquisa foi corrigida: na verdade, 26% concordavam.
No ano seguinte, a campanha #MeuPrimeiroAssédio viralizou no Twitter após uma participante do MasterChef Junior, de 12 anos, ser alvo de comentários com teor sexual. A fundadora da organização Think Olga foi quem lançou a campanha ao relatar, também, o primeiro assédio que sofreu, aos 11 anos.
No ano passado, casos de estupro coletivo, como o ocorrido no Rio de Janeiro e o triplo feminicídio na Argentina, levaram centenas de mulheres às ruas contra o fim da violência de gênero. Nos protestos brasileiros, por exemplo, cartazes lembravam que a cada 11 minutos, uma mulher é violentada no País.
Neste ano, o Dia Internacional da Mulher foi marcado por manifestações contra o machismo e luta por direitos iguais para as mulheres. O início do governo de Donald Trump foi recebido com marchas de mulheres em várias cidades dos Estados Unidos e contou com discursos de famosas como Madonna e Scarlett Johansson.
Todas essas mobilizações feministas - contra a violência, o assédio, o machismo e por direitos - ganham força e, ao mesmo tempo, geram controvérsias devido às várias correntes que o movimento tem. Acredita-se, inclusive, que o feminismo vive uma quarta onda, caracterizada pelas mulheres conectadas em rede, tudo explicado no livro da ativista Nana Queiroz.