Indicada a prêmio de melhor atriz, Fernanda Nobre questiona machismo na sociedade

'O Corpo da Mulher Como Campo de Batalha' trata sobre a violência contra a mulher

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Por Anita Efraim
Atualização:
Fernanda foi indicada ao Prêmio Shell na categoria melhor atriz Foto: Nil Caniné

Fernanda Nobre foi indicada ao Prêmio Shell na categoria melhor atriz pela peça 'O Corpo da Mulher Como Campo de Batalha', obra de Matéi Visniec que fala sobre a violência contra as mulheres. Apesar da importância do prêmio, na opinião dela, o mais relevante é o que o espetáculo transmite e quem ele representa.

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"É um espetáculo que se passa na guerra na Bósnia, sobre uma mulher que sofreu um estupro coletivo e acabou engravidando de um dos estupradores", explica. "Eu me identifico completamente. Gosto de falar que a Bósnia é aqui, do nosso lado, nesse momento tem uma mulher sendo violentada, um pouco dela somos todas."

Para entrar na personagem, Fernanda teve de estudar o contexto da guerra e sobre a região. Ela afirma que mergulhou em livros e relatos de mulheres, "tanto daquelas que foram atuantes no nazismo quando das que foram vítimas dele", para entender bem o universo. Mesmo que a primeira impressão seja de ser uma história distante, a atriz acredita que a narrativa é bastante atual.

"Acho que, mais do que nunca, precisamos falar sobre isso. Essa retomada do feminismo acontece porque nós estamos com o grito sufocado, não estamos mais conseguindo sobreviver a essa realidade", opina. "A peça vem em um momento precioso do feminismo, de discutirmos a relação com os homens, a relação com o machismo."

Uma coincidência no dia da estreia da peça tornou o significado da obra ainda mais forte para a atriz. "Foi o dia em que saiu a foto da menina que sofreu um estupro coletivo", relembra.

Fernanda se emociona ao falar da indicação ao prêmio. "Foi uma surpresa tão grande, eu me sinto tão vitoriosa de ter sido indicada, porque é um prêmio muito representativo", diz. "É muito prestigio ter sido indicada a ele". A premiação acontece na noite desta terça-feira, 14.

A atriz também comenta sobre a dificuldade de fazer teatro no Brasil e considera um ato de resistência. "É muito difícil, ainda mais em um momento em que a cultura [no Brasil] está abandonada", opina. "Mas eu acredito muito, porque eu acho que fazer arte é fazer política."

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'O Corpo da Mulher Como Campo de Batalha' fez sucesso no Rio de Janeiro e terá um nova temporada entre 8 de abril e 2 de maio. A peça está sendo negociada para ser apresentada em São Paulo.

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