Dieta mediterrânea contribui para longevidade genética

Alimentação rica em verduras, frutas, peixes e azeite de oliva pode impedir a degeneração dos cromossomos que ocorre, naturalmente, com o passar dos anos, diz estudo

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Por Gabriela Carelli
Atualização:
Dieta mediterrânea ajuda na perda e manutenção do peso e diminui o risco de enfartes, derrames e diabetes Foto: Mediterranean/ Creative Commons

Há tempos os pesquisadores sabem dos benefícios da dieta mediterrânea na saúde e, consequentemente, na expectativa de vida. Já foi provado, por exemplo, que o consumo de peixes, legumes, frutas, castanhas, grãos integrais e azeite de oliva, presentes no cardápio dos povos dessa região, protege o coração, ajuda na perda e manutenção do peso e diminui o risco de enfartes, derrames e diabetes. Um estudo publicado semana passada no British Medical Journal (BMJ), porém, revelou, pela primeira vez, uma relaçãodireta entre esse tipo de alimentação e a longevidade a nível genético. Segundo os pesquisadores da Universidade de Harvard, pessoas que seguem a dieta mediterrânea têm índices menores de degeneração celular, processo inerente ao envelhecimento, em comparação às que não seguem o regime - e podem ter vários anos a mais de vida por conta de suas escolhas alimentares saudáveis.

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Os autores do estudo acompanharam 4.676 enfermeiras de meia idade por duas décadas e avaliaram o impactos de seus hábitos alimentares nas células por meio de exames sanguíneos. Os resultados mostraram que os alimentos presentes na mesa dos mediterrâneos contribuíram para a manutenção da “juventude dos genes”, o que garantiu às adeptas desse tipo de alimentação cerca de quatro anos e meio a mais de vida, pelo menos. Como os pesquisadores chegaram a essa conclusão? Eles notaram diferenças significativas entre os telômeros de mulheres que seguiam a dieta e as que não seguiam o regime: os telômeros das que optaram pela alimentação mediterrânea encurtaram menos, ou seja, “envelheceram” menos. Para quem não sabe, os telômeros são as pontas dos nossos cromossomos. Essas extremidades agem como se fossem protetores do nosso DNA. A cada divisão celular, um cromossomo é replicado e os telômeros encurtam. Trata-se de um processo natural, inevitável, que ocorre com o passar dos anos. Da infância até a fase adulta, os telômeros diminuem pela metade. E perdem mais metade do tamanho na velhice.

Os telômeros são considerados por diversos cientistas como marcadores biológicos do envelhecimento, espécies de relógios que marcam a duração da vida de uma pessoa e sua condição de saúde. Diversos fatores externos, como tabagismo e stress, já foram relacionados ao encurtamento dessas estruturas. Pesquisas também já relacionaram telômeros curtos ao risco de problemas cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de câncer. “Nossa pesquisa conseguiu achar uma ligação a nível molecular, no DNA, entre uma dieta especifica e a longevidade”, escreveu a médica Immaculata De Vivo, autora do estudo de Harvard. “Agora, os próximos passos da investigação serão identificar quais entre os alimentos consumidos nessa dieta têm maior impacto no tamanho dos telômeros", afirmou a médica.

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