Você gosta de comprar ou tem compulsão por compra?

Consumo excessivo pode estar associado a ansiedade, baixa autoestima e insegurança

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Por Sara Abdo
Atualização:
Compras excessivas podem estar relacionadas a um disturbio de comportamento. Foto: Pixabay

É preciso atenção para distinguir as compras por prazer das compras feitas para compensar algum desconforto. Se o mais comum for a segunda opção, o quadro pode ser um distúrbio de comportamento. A compulsão por compra é a a aquisição de roupas, sapatos e objetos com o fim de acalmar ou minimizar uma ansiedade. Na arte, já foi vivido por personagens como Becky Bloom, do livro e filme Os Delírios de Consumo de Beck Bloom (2009), Helô (Giovana Antonelli), de Salve Jorge (2012), e Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) em Sex and the City. O distúrbio pode gerar um efeito 'bola de neve' e, claro, incluir complicações financeiras. 

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Segundo a psicóloga comportamental Gislene Isquierdo, tanto homens quanto mulheres estão suscetíveis ao distúrbio, que não é o comportamento em si, mas a função dele. "O desequilíbrio não é a compra, mas o motivo dela, que no quadro de compulsão é acalmar uma ansidedade ou esquecer um problema", afirma Gislene. O quadro está associado a ansiedade não controlada, baixa autoestima e insegurança. Entre os homens, costuma ser mais comum a compulsão por relógios, perfumes, jogos e apostas. Entre as mulheres são mais frequentes as compras de roupas, bolsas e sapatos, já que elas têm maior acesso a informação sobre moda e tendem a se sentir pressionadas para vestirem as principais tendências do momento. 

Para reconhecer um quadro de compulsão Gislene propõe que sejam respondidas as seguintes perguntas: 1) Com que frequência você vai às compras? 2) Quando vai às compras, o que deixa de fazer? Você sente falta? 3) O que acabou de comprar é similar ao que já tem? 4) Se sim, você já usou essas peças similares?

A atriz Sarah Jessica Parker, que interpreta Carrie Bradshaw, personagem que vive uma sutil compulsão por compras emSex and the City. Foto: Joshua Lott/Reuters

O tratamento. Se a resposta número 3 for positiva e a número 4 negativa - ou seja, se você quer comprar algo novo que é similar ao que você já tem e nunca usou - o ideal é procurar ajuda, seja com amigos, coaches ou psicólogos. Gislene recomenda um trabalho de percepção de como se lida com as prórpias emoções. "Às vezes apenas uma companhia para conversar e entender o que está acontecendo já basta para a tratar o distúrbio", avalia a profissional.

A consultora de moda e estilo Taiana Bueno comenta que conhecer o próprio estilo pode ser um aliado na compra consciente. Taiana sugere que, ao irem as compras, as pessoas tenham em mente o que há no guarda-roupa e sempre pensem o que a roupa que estão prestes a comprar comunica. É um visual que comunica ao mundo o mesmo que você quer comunicar? 

Assim como Gislene, a consultora Taiana acredita que o autoconhecimento é peça-chave para que um indivíduo conduza a própria moda e deixe de ser refém das revistas ou de suas inseguranças. Para ter certeza de que está se fazendo uma compra consciente, Taiana recomenda que se responda as seguintes questões:  1) Por que essa peça é necessária?  2) Com o que essa peça será usada? 3) Em que ambiente vou usar essa peça?  4) O que essa roupa comunica? Esse é o mesmo conteúdo que quero comunicar? 5) Esse é o momento da compra ou devo esperar o fim do mês e as promoções de fim de estação?

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