Pesquisa revela os países mais felizes do mundo

A economia influencia, mas não determina sozinha as taxas de felicidade

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Por Niraj Chokshi
Atualização:
A Noruega é o país mais feliz do mundo, de acordo com o Relatório Mundial de Felicidade de 2017. Foto: Damon Winter/The New York Times

Os noruegueses têm mais uma razão para sorrir, mesmo sem precisar.

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Depois de ficar em quarto lugar no ano passado, a Noruega agora é o país mais feliz da Terra, segundo o Relatório de Felicidade Mundial de 2017, divulgado em 20 de março. Já a República Centro-Africana é o menos feliz dos 155 países.

Os autores do relatório descobriram que meia dúzia de questões socioeconômicas explica grande parte da diferença em felicidade entre os habitantes dos países, mas fatores sociais representam um papel subestimado. Como evidência, citam períodos de crescimento econômico substancial que foram, no entanto, acompanhados de diminuição no índice de felicidade na China e nos Estados Unidos, que ficou em 14º lugar na classificação.

Mesmo na Noruega e em outros países nórdicos que dominaram o topo da lista, a economia sozinha não explica as altas taxas de felicidade.

“São necessários bons fundamentos sociais e confiança”, explica John Helliwell, um dos editores do relatório e professor emérito da Escola de Economia de Vancouver da Universidade da Colúmbia Britânica.

O relatório foi preparado pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável, um painel internacional de cientistas sociais reunido pelas Nações Unidas. O documento foi editado por Helliwell, Jeffrey D. Sachs, economista da Universidade Colúmbia, e Richard Layard, da London School of Economics.

A classificação é baseada em respostas a uma questão simples de avaliação de vida desenvolvida há décadas por um cientista social e feita a pessoas em todo o mundo entre 2014 e 2016 pelo instituto de pesquisas Gallup:

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“Por favor, imagine uma escada com degraus numerados de baixo para cima de zero a dez. O alto da escada representa a melhor vida possível para você e o degrau mais baixo a pior vida possível para você. Em qual degrau da escada você diria que está pessoalmente neste momento?”

A humanidade se encontra mais ou menos no meio da escada, com uma média global de 5,3, baseada em centenas de milhares de entrevistas conduzidas pelo Gallup. Os cinco países do topo – Noruega, Dinamarca, Islândia, Suíça e Finlândia – possuem pontuações um pouco acima ou abaixo de 7,5. O índice da República Centro-Africana é quase 2,7.

Os autores descobriram que três quartos da variação entre os países podem ser explicados por seis fatores econômicos e sociais: produto interno bruto por pessoa (uma medida básica de riqueza nacional); expectativa de anos saudáveis de vida; apoio social (ter alguém em quem confiar em momentos de dificuldade); confiança (uma percepção de ausência de corrução no governo e nos negócios); uma percepção de liberdade para fazer escolhas de vida; e generosidade (medida por doações).

Ainda assim, há fatores fora do normal.

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Na América Latina, as avaliações de vida são 0,6 pontos mais altas em média do que seria previsível a partir desses indicadores. Os países do leste asiático são o oposto, relatando menos felicidade do que seria esperado com base nesses fatores. Nos dois casos, os autores creditam as variações, pelo menos em parte, a diferenças culturais.

De qualquer maneira, eles afirmam que esses seis indicadores explicam grande parte da variação de felicidade pelo mundo – e as nações que ignoram os fatores sociais correm riscos.

Por exemplo, os Estados Unidos, que ficou em 14º este ano. Apesar dos ganhos em renda per capita e em anos de expectativa de vida saudável, a felicidade dos americanos declinou 0,51 pontos entre os períodos de dois anos que terminaram em 2007 e em 2016, segundo a pesquisa.

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“Estamos ficando mais ricos, mas nosso capital social está deteriorando”, explica Sachs.

O apoio social, a confiança, a percepção de liberdade e a generosidade foram fatores que inibiram a felicidade nos Estados Unidos. E para compensar economicamente esses indicadores, o produto interno bruto per capita teria que subir de cerca de 53 mil dólares, indo para 133 mil dólares, diz ele.

“O país está atolado em uma crise social que só piora”, escreveu Sachs no capítulo dedicado à debilitada felicidade dos americanos. “Ainda assim o discurso político dominante trata apenas da ideia de aumentar o crescimento econômico.”

Para resolver esse desgaste social, Sachs acredita que os legisladores deveriam trabalhar na reforma das finanças de campanha, na redução da desigualdade de renda e riqueza, na melhora das relações sociais entre as populações nativas e de imigrantes, superando a cultura nacional de medo induzida pelos ataques de 11 de setembro, e no aprimoramento do sistema educacional.

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