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Nunca envelhecer nem morrer por doenças são as promessas do futuro

Cientista afirma que ciência e tecnologia avançarão ao ponto de se alcançar a imortalidade

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Por Ludimila Honorato
Atualização:
Cientista futurista acredita que a maioria das pessoas vai preferir não envelhecer e, assim, não morrer. Foto: stevepb/Pixabay

No mundo, a expectativa de vida ao nascer é de quase 72 anos de acordo com dados do Banco Mundial, um aumento de quase 20 anos entre 1960 e 2015. Um estudo publicado em fevereiro na revista científica The Lancet mostrou que há uma probabilidade de 90% de as mulheres sul-coreanas viverem mais de 86 anos e uma chance de 57% de passarem dos 90 em 2030. Os números são seguidos por países como França, Espanha e Japão.

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Em 2013, o Google lançou a Calico (California Life Company), empresa que busca acabar com o envelhecimento por meio de tecnologias avançadas. Antes disso, o Projeto Genoma Humano, iniciado em 1990 e concluído em 2003, mapeou todos os genes humanos. Isso permite descobrir propensão a doenças e, assim, preveni-las. Promessas de nunca envelhecer nem morrer de alguma enfermidade garantem uma longa vida na Terra.

Com as adaptações do homem ao meio e os avanços da ciência e da tecnologia, espera-se que se viva mais com o passar do tempo, mas seria possível alcançar a imortalidade? "É possível, porque já existe", responde sem rodeios o cientista venezuelano José Luis Cordeiro, professor da Singularity University - fundada por Nasa e Google - e presidente do The Millennium Project na Venezuela.

Com um vasto currículo de atividades futurísticas, Cordeiro falou com exclusividade ao E+ sobre as possibilidades de prolongamento da vida e as consequências que viver para sempre traria ao mundo. Ele veio ao Brasil nesta semana a convite da Unimed do Brasil para a 47ª Convenção Nacional do Sistema Unimed.

Vida longa e próspera. Cordeiro acredita que a imortalidade humana é possível, porque já existe biologicamente. As células germinativas (que dão origem aos óvulos e espermatozoides) e as cancerígenas não envelhecem e existem animais, como hidras e medusas, que mantêm um ciclo de constante renovação, sendo potencialmente imortais.

Agora, os cientistas buscam compreender todos esses fatos para que, em 20 ou 30 anos, seja possível curar o envelhecimento. Segundo o cientista, envelhecer é uma doença, porém curável. Como prova, ele cita a primeira paciente humana, apresentada durante uma edição do Revolution Against Aging and Death (RAAD) Festival, que está em processo de rejuvenescimento com tratamentos experimentais.

"Na parte biológica, pensamos que poderemos reconstruir e rejuvenescer todos os órgãos do corpo em duas ou três décadas, então você vai ter o corpo biológico que quiser", afirma. Mas a evolução, segundo ele, promete mais e, em 30 ou 50 anos, será possível incorporar partes robóticas ao nosso corpo.

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Mas isso também já é real. Uma equipe do Applied Physics Laboratory, da Universidade de Johns Hopkins, nos Estados Unidos, está testando braços biônicos em pessoas amputadas. Mais do que substituir um membro, a prótese permite que a pessoa tenha sensações.

Assista do vídeo abaixo (em inglês) um dos testes feitos pela universidade:

Para Cordeiro, envelhecer ou morrer será opcional no futuro. Mas é claro que uma pessoa morrerá se um piano cair sobre ela, como ele costuma dizer em palestras ao redor do mundo. "Vai ter gente que vai preferir morrer, mas creio que mais de 90% das pessoas vão decidir não envelhecer e, assim, não morrer", avalia.

Consequências. Se as pessoas viverão para sempre e mais pessoas nascerão, como o mundo dará conta de tanta gente? Futurista que é, Cordeiro aponta para Marte como a próxima moradia dos seres humanos, que colonizarão o planeta também daqui a 20 anos. Mas até que a população mundial cresça consideravelmente, alguns séculos serão necessários, calcula o cientista. Além disso, a tendência é que o número de pessoas no mundo se estabilize e diminua em algumas décadas.

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Outra promessa do futuro, já em desenvolvimento e atuação pontual, é a inteligência artificial, que será capaz de alcançar e ultrapassar a inteligência humana. É o que os estudiosos chamam de singularidade tecnológica (vide o nome da universidade da Nasa) e preveem que aconteça, no máximo, em 2045. Máquinas e robôs substituirão humanos em muitas atividades e o desemprego será fato.

"Não sei que trabalho novo teremos em 20 anos, mas será muito diferente dos trabalhos atuais, será mais interessante e terá mais valor agregado. Além disso, teremos mais tempo livre. O tempo livre também é importante", diz com otimismo.

'O problema não é a inteligência artificial, mas, sim, a estupidez humana – e nós, humanos, somos naturalmente estúpidos', diz José Luis Cordeiro. Foto: Áurea Cunha/Imagem cedida pela Unimed do Brasil

Questões éticas. Todas essas evoluções geram controvérsias, mas Cordeiro explica que é normal. "Há muita oposição, porque os humanos têm medo do desconhecido. E todas essas coisas novas são desconhecidas, mas creio que a maior parte da humanidade vai ver que o mundo avança, que essas coisas são boas e que é melhor viver no mundo atual", diz.

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Sobre a possibilidade de robôs e inteligência artificial serem utilizados para propósitos maldosos, o cientista diz que tudo depende do homem. "O problema não é a inteligência artificial, mas, sim, a estupidez humana - e nós, humanos, somos naturalmente estúpidos", rebate.

Em um artigo publicado no Estado, Cordeiro disse que, "apesar de todas as conquistas proporcionadas pela tecnologia, ainda não conseguimos acabar com problemas como a fome, a desigualdade social, as guerras e outras tragédias". Ainda assim, ele acredita que, em um futuro mais distante, todas essas novidades se democratizarão, serão mais baratas e acessíveis a todos.

Vislumbrar um futuro em que a tecnologia estará integrada ao humano e beneficiará a medicina, para que ela seja preventiva em vez de curativa, pode ser animador ou assustador. Cordeiro se diz otimista, do time que prefere ver o copo meio cheio. "Estamos vivendo tempos incríveis. Nos próximos 20 anos, vamos ver mais mudanças tecnológicas do que nos últimos dois mil anos. Na saúde, são tempos mágicos, porque estamos entre a última geração humana mortal e a primeira imortal", afirma.

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