Medo de se casar pode ser considerado uma doença

Especialistas atentam para a diferença entre o medo do casamento e o receio de relacionamentos sérios

PUBLICIDADE

Por Ananda Portela
Atualização:
“A gamofobia pode estar relacionada com o medo de perder autonomia, sua individualidade, dificultando ou, muitas vezes, impossibilitando viver em um relacionamento”, afirma Marina Simas de Lima, especialista em terapia de casal e cofundadora do Instituto do Casal. Foto: Olessya/Pixabay

Você conhece alguém que tenha medo de se casar? Acredite, isso pode ser uma doença. E das graves! A gamofobia é o medo do casamento, seja da própria pessoa ou de uma terceira. Em alguns casos, um simples papo sobre o assunto já provoca sintomas significativos da fobia. Mas atenção: é preciso diferenciar o medo do compromisso e o medo do casamento, porque essas reações são bem diferentes.

PUBLICIDADE

“Algumas pessoas têm medo de se casar, mas podem se comprometer por longos anos com alguém, sem chegar a dividir o mesmo teto ou ter filhos, por exemplo”, explica Denise Miranda de Figueiredo, especialista em terapia de casal e cofundadora do Instituto do Casal.

Em muitos casos, os gatilhos da fobia são despertados por experiências que a pessoa teve durante a vida, ou até mesmo da ideia que ela tem a respeito do casamento. A falta de liberdade, o medo de perder o controle sobre a própria vida e o receio de se submeter financeiramente a alguém são algumas das causas da doença.

“A gamofobia pode estar relacionada com o medo de perder autonomia, sua individualidade, dificultando ou, muitas vezes, impossibilitando viver em um relacionamento”, reitera Marina Simas de Lima, também especialista em terapia de casal e cofundadora do Instituto do Casal.

No entanto, a linha entre essa patologia e o medo de relacionamentos sérios é muito tênue. A fobia é constatada a partir do momento em que a pessoa sofre qualquer tipo de alteração física ou psicológica pelo simples fato de ouvir falar em casamento.

“Esse medo gera sintomas físicos como tontura, náuseas, alergias, falta de ar, aumento da frequência cardíaca, isto é, sintomas característicos de qualquer fobia: baratas, aranhas, cobras, altura”, completa Denise.

Os tratamentos psicológico e psiquiátrico são os mais indicados para a cura da doença e ambos utilizam diferentes abordagens acerca da gamofobia.

Publicidade

Algumas delas colocam a pessoa para viver a situação de maior impacto ou enfrentar situações que provocam medo. Outras apostam em questões comportamentais, analíticas e sistêmicas.

Independentemente da abordagem, é necessário procurar um especialista e tratar a doença. Porém, lidar com a gamofobia é muito complicado, não só para o médico mas também para a vítima da patologia.

“Não é fácil chegar ao consultório. As pessoas confundem muito a doença com o medo de relacionamento. Ainda é uma situação confusa por questões sociais e culturais que dificultam o diagnóstico”, completa Denise. Por isso, ela afirma que não são muitas as pessoas que apresentam os sintomas característicos da doença, justamente por essa possível semelhança entre o medo do casamento e o receio de enfrentar relacionamentos. Alguns pacientes chegam ao consultório para tratar de outros temas e, durante o processo psicológico, descobrem que apresentam os sintomas da gamofobia.

*Estagiária sob supervisão de Charlise Morais 

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.